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Bolsa tomba e dólar dispara com discurso de Lula e inflação

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O mercado financeiro refletia nesta quinta-feira (10) o descontentamento de investidores com as críticas feitas pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a regras que limitam os gastos públicos. As declarações do petista tiveram impacto em um ambiente de negócios já prejudicado desde as primeiras horas do dia pela divulgação de dados do IPCA de outubro que mostravam a retomada da aceleração da inflação doméstica.

Às 16h25, o Ibovespa, índice referência da Bolsa de Valores brasileira, tombava 4,17%, aos 108.823 pontos. O dólar comercial à vista disparava 4,26%, cotado a R$ 5,4050, na venda.

“Por que pessoas são levadas a sofrer para garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que toda hora as pessoas dizem que é preciso cortar gasto, que é preciso fazer superávit, que é preciso ter teto de gastos?”, afirmou Lula. “Por que a gente não estabelece um novo paradigma?”

Lula também disse que “algumas coisas encaradas como gastos nesse país vão passar a ser vistas como investimentos”. O petista criticou a reforma da Previdência do governo de Jair Bolsonaro (PL) e as mudanças na legislação trabalhista feitas na gestão do ex-presidente Michel Temer.

Também afirmou que a Petrobras não será fatiada e descartou privatizar Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, comentou que o mercado tende a reagir quando discursos de governantes passam a mensagem de que é necessário gastar além do limite para atender demandas sociais.

“Hoje tivemos um forte gatilho com o discurso de Lula trazendo uma relação dicotômica entre responsabilidade fiscal e gasto social”, disse Sanchez. “O mercado ou quem prega responsabilidade fiscal não é contra a assistência social.”

A volta da inflação no país também contribuía para o mau humor do mercado doméstico. Após três meses consecutivos de deflação, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) voltou a subir em outubro, informou nesta quinta o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Puxado pelos alimentos, o indicador oficial de inflação do país teve alta de 0,59% no mês passado. A taxa ficou acima das projeções de analistas consultados pela agência Bloomberg, que esperavam avanço de 0,49%.

Ações ligadas ao setor de consumo de bens não essenciais, mais vulneráveis à alta da inflação porque podem mais facilmente serem dispensados pelos consumidores, mergulhavam 9%, em média.

Já as ações mais negociadas da Petrobras e do Banco do Brasil, que sofrem maior impacto das decisões do governo, tombavam 3,46% e 3,51%, respectivamente.

Diante dos dados da inflação de outubro associados a declarações de Lula que levaram parte do mercado a considerar que o governo poderá gastar mais, os juros negociados no mercado apresentavam forte alta.

As taxas dos depósitos interbancários com vencimento em 2024 saltavam de 13,05% para 13,47% ao ano. Negociados entre instituições financeiras, os contratos dos chamados juros DI, sobretudo aqueles com vencimento de curto prazo, tendem a subir mais quando há maior expectativa no setor financeiro de que o Banco Central precisará elevar a sua taxa de referência (Selic) para controlar a inflação.

“Juros futuros estressaram com sinalização de piora no contexto inflacionário associada ao risco fiscal das propostas do novo governo. Esse cenário pode ser observado com maior intensidade pela queda das ações nos setores de aviação, educação e construção civil, mais sensíveis às oscilações de juros”, explicou Leandro De Checchi , analista da Clear Corretora.

“O mercado já amanheceu com o rebote desse discurso [de Lula] e com o IPCA um pouco mais forte”, afirmou Fábio Guarda, sócio e gestor da Galapagos Capital.

Enquanto o mercado brasileiro derreteu, o americano disparou diante da perspectiva de queda dos juros após um recuou maior do que o esperado dos preços ao consumidor americano em outubro. A taxa anual está agora acumulada em 7,7%, contra os 8,2% registrados em setembro.

Essa diferença de ambientes relacionadas à expectativa de alta da inflação por aqui e queda nos EUA provocou grande dispersão entre o Ibovespa e o S&P 500, parâmetro da Bolsa de Nova York, que subia 4,26% no final da tarde.

“Hoje ocorreu uma coincidência muita grande de serem divulgadas duas noticias muito boas lá fora [além da desaceleração da inflação, também houve esfriamento do mercado de trabalho] e duas noticias muito ruins aqui, que foi o IPCA acima do esperado e o discurso perigoso do presidente, do ponto de vista fiscal”, detalhou Guarda, da Galapagos.

Na véspera, o mercado de ações brasileiro já tinha recuado sob influência das Bolsas americanas, que caíram na ocasião devido à frustração de investidores com o desempenho abaixo do esperado do Partido Republicano nas eleições de meio de mandato, o que também provocou alta global do dólar.

Em vez de uma onda vermelha (essa é a cor do partido que representa a direita nos EUA), o resultado apurado dava apenas ligeira vantagem republicana na Câmara e mantinha indefinido o controle do Senado.

A disputa acirrada pelo Congresso esfriou expectativas de participantes do mercado por uma condução mais conservadora na economia que, em tese, poderia limitar gastos públicos, sobretudo na área social, promovidos pelo presidente democrata Joe Biden.

Na Bolsa de Valores brasileira, o tombo de quase 18% das ações do Bradesco, após um resultado trimestral que desapontou investidores, também contribuiu para o desempenho negativo do índice.

O banco sofreu a sua maior queda diária na Bolsa em mais de duas décadas e perdeu quase R$ 31 bilhões em valor de mercado nesta sessão.

 

Folha Online

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