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Suplicy e Virgílio: dois senadores bons de briga

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O termo “luta” é uma das metáforas preferidas de alguns parlamentares quando querem dar tons dramáticos às suas trajetórias políticas. Mas alguns não se limitam à figura de linguagem: “mestres” em artes marciais ou exímios praticantes de “esportes de combate”, congressistas como o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), o senador petista Eduardo Suplicy (SP) e o ex-presidente da República Fernando Collor de Mello (PTB), agora senador por Alagoas, já despejaram muito suor e desferiram muitos golpes em tatames ou ringues de luta.

Ex-pugilista, Eduardo Suplicy falou ao Congresso em Foco pouco antes de fazer uma palestra em São Paulo, na última sexta-feira (9). “Por coincidência”, disse, tinha à mão um exemplar de seu livro Um notável aprendizado – A busca da verdade e da justiça desde os tempos do boxe ao Senado, coletânea de artigos em que registra sua experiência no boxe, que lhe deu “mais instrumentos para a defesa pessoal”, além, é claro, de defender sua principal bandeira política, o programa de renda básica e cidadania.

“O boxe foi um extraordinário aprendizado. O preparo físico da luta exige muito, e fez com que eu tivesse uma disciplina pessoal que mantenho até hoje”, disse Suplicy, lembrando que seu primeiro contato com o boxe, em 1962, foi em um campeonato de estreantes em São Bento de Sapucaí, próximo a São Bernardo do Campo (SP). “Se eu não mantiver minha forma física, o trabalho no Senado não fica bom.”

Suplicy disse ter vencido o torneio no interior de São Paulo, quando era “peso leve”. Nove anos depois, ele realizou duas lutas, como meio pesado, em um campeonato promovido pela Gazeta Esportiva, no Ginásio Wilson Russo, na capital paulista. Ouvindo gritos da platéia dirigidos ao adversário (“Acaba logo com esse filhinho da mamãe!”, relatou), venceu a primeira, tendo recebido incentivo providencial do treinador, Lúcio Inácio da Cruz, no vestiário.

“Ele me disse: ‘não vai se impressionar com o tamanho do negão que vai ser seu adversário’”, recorda o senador, que foi derrubado no primeiro assalto, mas reagiu e nocauteou por duas vezes o oponente. “No dia seguinte, a Gazeta Esportiva deu com destaque: ‘Eduardo Suplicy sai da lona para ganhar por nocaute’”, completou Suplicy, mencionando trecho do livro.

Na luta do dia seguinte, Suplicy disse ter desenvolvido “bolhas na língua” e febre, de tanta tensão. O adversário era “o índio do Amazonas” Getúlio Veloso, que acabou com os planos do senador na semifinal.

“A luta foi equilibradíssima e dura, com ambos os adversários desferindo socos contundentes, mas não houve quedas nos três assaltos”, conta o senador. Vitória de Suplicy, por pontos (“2×1”) que, dois dias depois, causariam polêmica. “Fui chamado à sede da Federação Paulista de Pugilismo. Disseram-me que um dos jurados havia se enganado na papeleta. Portanto, eu teria perdido. Estranhei o procedimento e propus nova luta, mas deram a vitória a Getúlio”, lamenta o petista.

Recentemente, Suplicy topou calçar as luvas de boxe em uma brincadeira com o personagem “Xupla”, do programa Pânico na TV, da Rede TV!, cujo nome faz alusão ao filho cantor Supla. Trocando socos com o “filho”, Suplicy mostrou que ainda aguenta alguns rounds. O episódio está registrado no Youtube. Confira o vídeo.

“Jungle fighter” – Arthur Virgílio não é só um faixa-preta de jiu-jítsu. É faixa-preta de sexto “dan” (grau), em que cada espécie de tarja fixada na faixa representa um atestado de evolução na prática da luta, segundo critérios técnicos e de antiguidade. “O jiu-jítsu representa muito. A disposição para trabalhar, garra ao disputar, dignidade, respeito pelos meus adversários”, disse o tucano, acrescentando que, quando tem tempo, faz “uns treinos” com o professor João Roque, de Brasília. 

Praticante da modalidade há mais de 30 anos, o tucano destaca as duas principais conquistas da época de atleta: vice-campeão da Taça Guanabara de Jiu-Jítsu, em 1969, e campeão no ano seguinte, na versão do torneio no Rio de Janeiro. O tucano é muito respeitado no círculo de lutadores do Brasil inteiro, e é presença de primeira fila no evento “Jungle Fight”, em Manaus – onde costuma ter a companhia do lutador amazonense Wallid Ismail, atualmente empresário do ramo de lutas.

Mas, apesar das credenciais, o senador disse à reportagem que é contra o uso da arte em determinadas situações – principalmente no Parlamento, onde diz travar apenas a luta das idéias. “A discussão aqui tem de ser no campo ideológico”, ressalta.

“Tenho muito respeito pela integridade de todos os meus colegas. De quem eu não gosto tanto, me afasto”, disse o parlamentar amazonense, destacando que as acaloradas discussões “jamais” descambariam para a agressão física.

“Não faria isso nunca. O doutor Ulysses [Guimarães] me falava assim: Meu filho, jamais misture as coisas, porque a pior coisa do mundo é você, um dia, agredir um companheiro seu. Pior do que isso só algum colega teu te agredir, então eu nunca deixo as coisas chegarem a esse ponto.”  

Nesse vídeo postado no Youtube, Virgílio dá uma demonstração de seus conhecimentos em defesa pessoal. Participando do programa Pânico, ele mostra à entrevistadora Sabrina Sato como evitar o avanço de um oponente. E o faz de maneira singela, com apenas o dedo indicar sob o nariz do “agressor”. O problema é que o “sparring” do senador, que acabou tendo de usar os dois braços para evitar a queda, foi um câmera um tanto quanto encorpado – que quase o derruba.

Caçador de marajás

Outro “ninja” do Senado é o ex-presidente da República Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Jornalista e economista, Collor também é faixa-preta de caratê. Com 1,82 metro de altura e 78 quilos, o alagoano foi campeão brasiliense e vice-campeão brasileiro de caratê na juventude. O Congresso em Foco tentou falar com o senador, em viagem ao exterior, sobre sua paixão pela modalidade esportiva, mas não conseguiu.

Nos anos 1970, Collor foi treinado por Tetsuma Higashino, mestre que veio do Japão na década anterior e se fixou em Brasília. Considerado exímio professor da arte milenar, mas sem destaque como competidor, Tetsuma veio da tradicional escola Takudai de caratê. O aprendizado não ficou restrito ao tatame: em sua época de competidor, Collor enfrentou com um colega de caratê 12 policiais nas ruas da capital federal.

Para o bem da integridade física de alguns, Collor até hoje não ameaçou desferir golpes de caratê em seus adversários no Senado. Mas não custa lembrar do episódio em que, com “olhos de fogo”, como definiu o senador Pedro Simon (PMDB-RS), deu em plenário uma demonstração de sua ira ao rebater o colega peemedebista, que falava da tribuna. O tal olhar, aliás, representaria uma vantagem em qualquer combate corpo-a-corpo, como o caro leitor pode conferir aqui.

Durante sua campanha presidencial, Collor usou sua imagem de lutador de artes marciais e “caçador de marajás” para passar ao eleitorado a ideia de vigor, raça e segurança. Tanto demonstrou seus katas (espécie de coreografia com golpes) em vídeo que conseguiu alcançar o objetivo: foi eleito presidente da República, em 1989, na primeira eleição direta após o período militar. Mas essa já é uma outra história…
 

 Congresso em Foco

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