Brasília – Dirigentes partidários aliados a Jair Bolsonaro avaliam que a anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ser encarada como uma boa notícia. Com o fortalecimento da polarização entre os dois em 2022, esperam vantagem para o atual titular do Palácio do Planalto. Mas o sentimento que predomina no “baixo clero” do Congresso, especialmente nas bancadas do Nordeste, é diferente.
Deputados ouvidos pelo GLOBO temem que ficar contra Lula seja um suicídio eleitoral no ano que vem. Mesmo se o petista não conseguir se eleger presidente, deputados preveem que seu apoio será definidor nas eleições para o Congresso Nacional, como um relevante cabo eleitoral.
O deputado Pedro Cunha Lima, que também preside o PSDB estadual disse que, na Paraíba, a decisão que tornou Lula elegível diminui muito a chance de terceira via:
— Eu conversei com alguns prefeitos do sertão, e nesses municípios não tem nem graça. Lula vai tomar conta de tudo. Ele é muito forte, e sobretudo com esse cenário do fim do auxílio, Lula traz muita força. E me deixou até atordoado, porque pra quem quer construir uma terceira via, praticamente não tem mais espaço — comenta o deputado.
Para ele, a única esperança do centro é se unir em torno de um único nome, mostrando um projeto político unificado. Ele integra uma ala do PSDB que defende que não necessariamente seja lançado um tucano à Presidência, ainda que apoie o nome de Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul.