Na tribuna da Câmara dos Deputados, na tarde de hoje, o deputado federal Gervásio Maia (PSB) lamentou a morte de uma menina de dois anos, ocorrida na última sexta-feira, 22, no Hospital Universitário Júlio Bandeira, em Cajazeiras. Ele ainda destacou o pedido que fez para que o Ministério Público Federal (MPF) apure a conduta da direção do Hospital pelos indícios de crime de omissão de socorro.
“Com muita tristeza venho a essa tribuna lembrar de um discurso que fiz cerca de dois meses atrás dizendo que iria acontecer uma tragédia no hospital infantil Júlio Bandeira de Cajazeiras na Paraíba que prestava pronto atendimento a nossos pequenos e de repente decidiu mudar sua concepção de atendimento. Isso gerou um verdadeiro caos em relação ao atendimento das crianças. Eu fiz um apelo aqui nessa tribuna ao governo Bolsonaro para que fizesse uma interferência urgente para evitar uma tragédia, mas uma criança morreu e a mãe ficou desesperada tentando fazer com que o hospital pudesse receber sua filha. Quando conseguiu, já tinha pedido auxílio à polícia e não deu tempo. Ontem, eu protocolei no MPF em Sousa uma representação criminal para que possam ser apuradas as responsabilidades. É lamentável a falta de sensibilidade de gestores e de autoridades do governo federal e eu espero que o MEC, a EBSERH e o HU Júlio Bandeira possam modificar a forma de atendimento das crianças e que os responsáveis por essa morte possam ir para a cadeia”, disse Gervásio.
A criança que morreu no HU de Cajazeiras havia sido internada inicialmente na quinta-feira, 21, no Hospital Municipal de São João do Rio do Peixe com fortes dores abdominais. A família alega que o hospital universitário demorou para autorizar a transferência da menina.
Na queixa prestada ao delegado Francisco Filho, a mãe da menina, que mora em Triunfo, disse que na quinta-feira (21), levou a criança para atendimento em uma unidade de saúde em Poço de José de Moura, tendo sido liberada no mesmo dia. O quadro clínico da criança piorou na manhã da sexta-feira (22), e ela foi levada ao Hospital Municipal de São João do Rio do Peixe com fortes dores abdominais. Ao perceberem o estado de saúde que a paciente se encontrava, foi solicitada transferência para o HUJB em Cajazeiras, que é especializado em atendimento infantil.
A família da menina alega que o HU demorou a autorizar a transferência por falta de leitos disponíveis. Ela foi transferida no final da manhã, em uma unidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e deu entrada no HUJB por volta das 12h30. Contudo, a paciente já estava em quadro clínico grave e morreu na tarde da sexta-feira (22). Ela faria três anos no sábado (23).
Antes da criança ser liberada para o sepultamento, a equipe da unidade de saúde percebeu que ela estava com uma lesão considerável nas partes íntimas. Então, o corpo precisou ser encaminhado para o Instituto de Polícia Científica (IPC), onde passou por um exame cadavérico. O resultado ainda não foi divulgado.
Sobre a denúncia de negligência por parte do hospital, o delegado Francisco Filho informou que deve encaminhar o caso para a Polícia Federal, uma vez que o Hospital Júlio Bandeira é vinculado à Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Já o hospital afirmou através de suas redes sociais que recebeu o contato para a transferência da menina às 10h55 da sexta-feira, mas naquele momento, todos os leitos com suporte para tratamento de urgências e emergências estavam ocupados. Após uma das crianças internadas ser transferida para Patos, a menina pôde ser recebida na unidade e deu entrada por volta das 12h30.
O hospital alega também que cumpriu todos os protocolos clínicos disponíveis, mas a criança não resistiu pela gravidade do caso.
A assessoria do Hospital Universitário Júlio Bandeira informou ainda que os atendimentos acontecem através de encaminhamento das Unidades Básicas de Saúde ou de outros hospitais da região.