Hoje, o Supremo não tem nenhum ministro nordestino. A provável escolha do presidente para a vaga de Celso de Mello, que já foi informada a integrantes tanto do STF como do Senado, foi influenciada pelos senadores Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Ciro Nogueira (PP-PI), este último um dos líderes do chamado bloco do centrão no Congresso.
O nome de Kássio, que corria por fora na disputa, pegou de surpresa nesta quarta-feira (30) até mesmo senadores governistas. Os ministros dos governo também foram avisados.
Antes de fazer um anúncio oficial, no entanto, o presidente pretende, segundo assessores palacianos, ter segurança de que será aprovado em sabatina do Senado. Bolsonaro deve tratar do tema nesta semana com líderes partidários. E também pretende conversar com o presidente do STF, Luiz Fux.
Bolsonaro teve uma reunião com o desembargador, membro do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, na terça-feira (29), na casa do ministro Gilmar Mendes, do STF.
Conforme informou Mônica Bergamo, estavam no encontro o ministro Dias Toffoli, o ministro das Comunicações, Fabio Faria, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Após a reunião, à noite, senadores foram comunicados da escolha por integrantes do Palácio do Planalto. Bolsonaro também avisou ministros do Supremo da decisão que havia tomado. Eles também avaliaram a escolha como um gesto do presidente ao Nordeste.
Católico, Kássio é considerado por colegas e ministros de tribunais superiores um magistrado discreto e de linha garantista, o que teria contado bastante para o apoio de Bolsonaro.
Aos 75 anos, Celso de Mello será obrigado a deixar a cadeira do Supremo. Ele sairá da corte no dia 13 de outubro e tem apoios importantes no Congresso. Em conversa reservada, Davi Alcolumbre já disse a Bolsonaro que a sabatina do escolhido será feita ainda neste ano.
Após a notícia de que Kássio seria o nome, o senador Ciro Nogueira celebrou a possibilidade nas redes sociais.
“Atual desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, ele é considerado um dos desembargadores federais mais produtivos entre seus pares e todos que conhecem a sua trajetória sabem da competência e comprometimento do dr. Kassio Nunes com o seu trabalho”, afirmou.
“Sem dúvida, a escolha do presidente Jair Bolsonaro seria um gesto de reconhecimento da capacidade do povo do Piauí e de todo o Nordeste”, continuou.
Apesar de ter definido o favoritismos nesta semana, Bolsonaro já tinha estado com Kássio antes, porque o magistrado estava em campanha para uma vaga no STJ (Superior Tribunal de Justiça), no lugar de Napoleão Nunes Filho, que se aposenta em breve.
A expectativa de aliados de Bolsonaro é que ele aproveite a vaga deixada por Kássio para fazer outro gesto político e indique um magistrado do Norte para o posto dele.
Para que isso ocorra, porém, é preciso que a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) inclua o favorito do presidente na lista de seis nomes que submete ao mandatário para a escolha final do novo desembargador do TRF-1, já que a vaga é destinada ao quinto constitucional reservado aos advogados.