Um dos assuntos mais comentados hoje na sessão ordinária da Assembleia Legislativa da Paraíba foi o escândalo surgido com o furto de aparelhos celulares e smartwatches no Hospital Padre Zé, em João Pessoa. Vários discursos abordaram o assunto e o deputado estadual Wallber Virgolino (PL), líder de oposição, chegou a protocolar um requerimento solicitando o afastamento de dois auxiliares do governador João Azevêdo que tiveram seus nomes citados em uma denúncia anônima por suposta ligação com irregularidades na instituição.
Além disso, Virgolino afirmou que desistiu de destinar uma emenda de R$ 200 mil para o hospital. “Eu ia destinar R$ 200 mil ao Padre Zé, mas não tenho mais condição de fazer isso porque não confio mais no hospital e na destinação de filantropia do hospital”, disse o parlamentar.
Em seguida, o deputado Adriano Galdino (PSB), presidente da ALPB, fez um “reparo” às declarações de Wallber. O deputado fez um paralelo entre o Padre Zé e a Operação Lava Jato. A República de Curitiba acabou com mais de 200 mil empregos na construção civil e a Odebrecht que concorria de igual para igual com outras empresas do mundo, hoje está falida porque ao invés de punir as pessoas envolvidas, providenciou a quebra da empresa por interesses obscuros. A instituição Padre Zé faz um grande trabalho e precisa ser preservada. Se vossa excelência ia mandar o recurso, mande e fiscalize. O Padre Zé não pode parar porque salva muitas vidas na Paraíba”.
Vários outros deputados foram à tribuna para defender a presunção de inocência de dois auxiliares do governador João Azevêdo citados na denúncia.
“A postura do deputado Wallber é de insistir nos erros que ele traz desde 2019. É do feitio dele apontar o dedo para as pessoas. Ele critica o ministro Alexandre de Moraes porque acusa, julga e pune sem dar oportunidade ao contraditório e hoje ele fez exatamente a mesma coisa. Deixo bem claro que realmente há denúncias que merecem ser apuradas, mas lamento que vossa excelência use o microfone para apontar dois secretários de Estado que sequer tiveram a oportunidade de apresentar defesa. Ainda é uma denúncia anônima e acharam uma forma de colocar o Governo em meio ao problema do Padre Zé sem qualqueer prova. O fato de ter um parente seu numa instituição não quer dizer nada. Há um sentimento de demonização da classe política”, reagiu Júnior Araújo (PSB).
“Não é possível que um debate vazio possa desmoralizar e comprometer a imagem de autoridades na Paraíba. Todos sabem o que o governador João Azevêdo tem feito pela moralidade desde seu primeiro governo. Quem não conhece a história de luta e superação do secretário Tibério Limeira? No currículo, o secretário de Administração tem resultados positivos. Gostaria de pedir responsabilidade à oposição nesse debate. Da mesma forma não seria justo condenar a mãe da secretária Pollyanna Dutra a não trabalhar mais. Ela tem capacidade e não pode ser julgada por assumir um cargo público simplesmente porque a filha atua na política”, reforçou o líder do Governo na ALPB, Júnior Mendes.
O caso – A denúncia protocolada no Ministério Público da Paraíba em relação ao desvio de recursos foi feita de maneira anônima. Há vários documentos em anexo citando que o Padre Egídio, ex-diretor geral do Padre Zé, teria quitado despesas pessoais e adquirido bens de alto valor com dinheiro da instituição.
A respeito dos secretários Tibério Limeira e Pollyanna Dutra não consta qualquer prova ou documento. O denunciante apenas acusa ambos de terem participado do esquema de desvio e que a mãe da secretária de Desenvolvimento Humano teria sido nomeada no hospital pelo Padre Egídio, numa eventual “troca de favores”.
A denúncia está em segredo de Justiça porque ainda tramita em momento inicial e os citados não foram ouvidos nem as irregularidades apontadas chegaram a ser apuradas.