A F-1 confirmou nesta sexta-feira (24) que o Brasil não receberá uma prova da categoria em 2020.
A atual temporada, que começou no início do mês e já teve três corridas realizadas (duas na Áustria e uma na Hungria), ficará restrita apenas a países da Europa e Ásia, devido à pandemia de Covid-19.
Além do Brasil, Estados Unidos, Canadá e México, países da América que também tinham Grandes Prêmios previstos para o calendário deste ano, ficarão sem os eventos.
No lugar deles, foram confirmadas mais três provas, chegando a 13 no calendário deste ano, que ainda não está fechado. Os circuitos de Nürburgring (Alemanha), Portimão (Portugal) e Ímola (Itália) foram adicionados nos meses de outubro e novembro. A temporada deverá ser finalizada em países do Oriente Médio.
Após três fins de semana consecutivos de corridas em julho, a F-1 faz uma pausa neste e retorna no próximo, para uma nova sequência tripla: duas provas em Silverstone (Inglaterra) e uma em Barcelona (Espanha).
Outras quatro etapas estão confirmadas: uma na Bélgica (Spa), duas na Itália (Monza e Mugello) e uma na Rússia (Sochi). Nesta última, os organizadores esperam receber público, algo que não vem acontecendo até o momento.
A Rússia já permite a realização de eventos esportivos com espectadores, como as partidas de futebol do campeonato local, por exemplo.
Com a confirmação da exclusão, em 2020 o Brasil deixará de receber uma etapa oficial da F-1 desde o início dos anos 1970. Em 1972, foi realizada uma prova no país que não contou pontos para o campeonato, o que passou a contecer no ano seguinte e assim permaneceu até 2019.
Originalmente, o GP de Interlagos estava previsto para 15 de novembro. A Prefeitura de São Paulo possui contrato com a categoria apenas até este ano para sediar a prova no autódromo, mas desde 2018 vive uma novela envolvendo a tentativa de sua renovação. No ano passado, ainda ganhou a concorrência do Rio de Janeiro, que pretende receber um GP a partir de 2021.
Em maio de 2019, o presidente Jair Bolsonaro assinou termo de cooperação para levar a corrida para o Rio. A promessa é que a construção de um circuito em Deodoro, na zona oeste da cidade, no valor de R$ 697 milhões, seja quitada apenas com recursos privados.
No mesmo mês, o empresário JR Pereira, representante do consórcio Motorsport, ganhou licitação para construir o autódromo. As obras, no entanto, ainda não saíram do papel.
Uma das etapas necessárias para que seja dado início à construção estava travada até a última semana, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) atendeu a um pleito da Prefeitura do Rio Janeiro e permitiu que uma audiência pública para analisar o impacto ambiental das obras seja feita virtualmente.
No dia 10 de julho, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), na linha de frente das negociações para que a prova permaneça na capital paulista a partir do próximo ano, chegou a dizer que a etapa de 2020 estava garantida na cidade.
“Para este ano está confirmada a Fórmula 1. O autódromo está preparado para receber, evidentemente dentro dos protocolos de saúde, e os organizadores já sabem. Nós temos um contrato. Em relação a este ano, o contrato tem que ser cumprido. Temos que deixar isso claro, de parte a parte. A nossa posição é que o contrato será cumprido”, afirmou em entrevista coletiva.
Sobre a renovação para 2021, ele disse na ocasião que continuava conversando com a Liberty Media [empresa que controla a categoria]. “Aqui temos um autódromo pronto, consagrado, tido como um dos cinco melhores do mundo. Nada contra o Rio de Janeiro, mas não faz sentido um gasto de R$ 1 bilhão para construir um autódromo em uma área que não tem aprovação ambiental em um momento de pandemia com escassez de recursos”.
O ponto central nas negociações é o pagamento da chamada taxa de promotor, que as sedes das provas precisam pagar à categoria e não possuem um valor fixo, variando conforme a etapa. O atual vínculo entre São Paulo e a F-1, assinado em 2014, não prevê o pagamento dessa taxa, mas para a renovação ele será indispensável.
Folha de S. Paulo