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‘Cabaré Eldorado: o alvo dos nazistas’, a homofobia no seu estado paroxístico 

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A Alemanha da República de Weimer legou uma das constituições mais democráticas do mundo entre 1919, depois do fim da Primeira Guerra Mundial, e a ascensão do regime nazista ao poder em 1933, cuja catástrofe humanitária advinda desse erro todos deveriam estudar. O desconhecimento da História leva ao risco de repetirmos escolhas desastrosas como a eleição de Bolsonaro em 2018 para dirigir o país. Não é raro ouvir alguém associar o nazismo e o fascismo (ideologias de extrema direita) ao comunismo, um sintoma grave da ignorância que graça no país.

O documentário ‘Cabaré Eldorado: o alvo dos nazistas’ (Alemanha, 2023, 1h32min), disponível no menu da Netflix, trata de um espécime singular da perversidade nazista pouco abordado no cinema: o discurso de ódio e a ação nefasta de discriminar, perseguir e exterminar a comunidade LGBTQIA+ na Alemanha. O documentário de Benjamin Cantu detalha informações até então desconhecidas da comunidade, como por exemplo, cirurgias voluntárias de adequação sexual no Instituto de Ciência da Sexualidade do renomado sexólogo, o doutor Magnus Hirschfeld, ele mesmo homossexual e ardoroso defensor da liberdade sexual baseada no conhecimento científico. Hirschfeld (judeu e social democrata) fundou em 1897 a primeira organização de direitos gays.

Berlim, à época, era a capital europeia da cultura e vivia uma efervescência nunca antes vista, no entanto, a República de Weimar era constantemente ameaçada, ora pela crise econômica e sua inflação nas alturas, ora por movimentos separatistas, golpes militares, atentados nacionalistas ou levantes comunistas, que culmina com a instalação de um regime desastroso na eleição de um salvador da pátria, Adolf Hitler com seu apelo a Deus, Pátria e Família. O discurso de ódio contra judeus, negros, ciganos, comunistas e minorias (deficientes físicos e mentais, inclusive) tem o efeito desejado e o terror se instala.

  ‘Cabaré Eldorado: o alvo dos nazistas’ narra através de depoimentos de historiadores, e até de sobreviventes da repressão nazista, a progressiva instalação do horror com a perseguição aos proprietários do Cabaré (hoje uma loja de produtos orgânicos), funcionários e frequentadores gays, lésbicas, trans, etc., entre eles artistas, empresários, intelectuais e integrantes da elite alemã (o renomado tenista bissexual Gottfried Von Cramme e sua mulher adeptos do poliamor). 

O contexto da Alemanha antes do nazismo era de liberdade dos costumes, mulheres se organizando e defendendo seus direitos e igualdade, uma imprensa livre com revistas dedicadas a gays e lésbicas. O documentário lança mão de farta documentação histórica (filmes, fotos e documentos), alternando com depoimentos atuais de historiadores (Klaus Mueller, Zavier Nunn, Ben Miller, Robert Beachy; a cientista política Katrin Himmler), familiares (Berno Von Cramm, sobrinho de Gottfried) e pessoas da comunidade LGBTQIA+ (um deles, Walter Arlem, sobrevivente dessa catástrofe), recorrendo também a encenações das histórias narradas, inclusive a de Arlen e seu amigo Lumpi com seu amor platônico na adolescência, lindamente encenadas. 

Como no seio de toda ideologia totalitária, seja ela de esquerda, de direita ou religiosa, reina a hipocrisia. Figuras proeminente do III Reich, como o arrivista Ernest Röhm, amigo íntimo de Hitler, era gay e frequentava o Cabaré Eldorado até alçar um dos cargos mais alto do governo nazista. O nazismo executou a mais cruel perseguição homofóbica que se tem notícia. ‘Cabaré Eldorado: o alvo dos nazistas’ esmiúça essa página suja da história mundial a partir de uma pesquisa minuciosa e um belo tratamento imagético dado às encenações para nos lembrar que “o ovo da serpente” está sempre na chocadeira à espera do momento fértil para irromper. Guardadas as devidas proporções, aqui sob os tristes trópicos, vivemos os últimos anos essa incansável ameaça do cio fascista.

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