Pré-candidatos a governos no Nordeste e líderes históricos do MDB abandonaram a senadora Simone Tebet (MDB-MS) à própria sorte e fazem campanha aberta para outro presidenciável: o petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os emedebistas candidatos ao governo Paulo Dantas, em Alagoas; e Veneziano Vital do Rêgo, na Paraíba; são alguns dos nomes que largaram a terceira via e declaram que vão dar palanque para o ex-presidente. O ex-governador Renan Filho, que será candidato ao Senado por Alagoas, também foi outro a declarar voto abertamente.
Força de Lula
Incapaz de combater a força de Lula perante líderes regionais do partido — como Eunício Oliveira (CE), Garibaldi Alves (RN) e o senador Renan Calheiros (AL) —, o MDB afirmou que não fará objeção a esse apoio e pregou respeitos aos diretórios estaduais que quiserem apoiar Lula. “Não há traição”, diz o partido.
No Maranhão, por exemplo, conversou com José Sarney e Edison Lobão. No Rio Grande do Norte, se reuniu com Garibaldi Alves. No Ceará, teve um papo e posou para fotos com Eunício Oliveira.
O apoio – e a busca pela recíproca de Lula – na região parece ter um motivo simples: o ex-presidente tem o maior percentual de intenções de voto no Nordeste em todos os levantamentos divulgados.
Parte desses apoios e a revelia a Tebet vêm da costura que o próprio Lula fez, especialmente durante suas viagens ao Nordeste, onde sempre se encontrou com líderes emedebistas.
Lula conseguiu participar até de costuras inusitadas, como no Maranhão, onde Roseana Sarney (MDB) disse ontem em entrevista que “a tendência é o MDB apoiar a reeleição” do governador Carlos Brandão (PSB), que terá na mesma chapa para disputar o Senado o ex-governador Flávio Dino —adversário histórico da família Sarney no estado.
Outra parceria veio por meio do deputado federal Walter Alves, presidente estadual do MDB no Rio Grande do Norte, que deve ser o vice de Fátima Bezerra (PT) na reeleição para o governo. O MDB fez oposição a Fátima na eleição passada.
Nota do MDB
“Não é rebeldia” Em nota, o diretório nacional do MDB admite que não vê o apoio a Lula como “rebeldia” ou “traição”, “mas sim um histórico de aliança na região do MDB com o PT”.
“O MDB é o partido mais democrático do país e respeita a autonomia dos diretórios estaduais, em especial aqueles constituídos pelo voto nas convenções estaduais.”
A nota lembra ainda que, nas eleições de 2018, candidatos em Alagoas e no Ceará já haviam apoiado o então candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad. Na ocasião, o MDB havia lançado Henrique Meirelles ao governo, que teve inexpressivo 1,2% dos votos válidos.
“Naquela oportunidade, o MDB elegeu um deputado federal em Alagoas e um deputado federal no Ceará. Ainda em Alagoas, o MDB venceu a eleição para o governo do Estado e para o Senado”, cita o comunicado emedebista.
Sobre a Paraíba, o MDB afirma que Veneziano já havia deixado claro a sua aliança com Lula, “mas se dispôs, quando oportuno, a receber a pré-candidata Simone Tebet, sua colega de Senado”.
Veneziano, inclusive, deve ter um petista como vice, mas o nome do ex-governador Ricardo Coutinho ainda é incerto por conta de sua inelegibilidade.