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Vem do Butão uma obra-prima despretensiosa e envolvente, em cartaz no Cine Banguê 

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‘A felicidade das pequenas coisas’ (2019, 110min), filme inscrito para representar o Butão no Oscar do ano passado, vem de um país cuja cinematografia é escassa e pouquíssima conhecida no mundo. Com a possibilidade que despontou com essa indicação, não só a linda paisagem e os costumes do país, mas também seu cinema, puderam emergir aos olhos ocidentais. Esta obra-prima de Pawo Choyning Dorji, que também assina o roteiro e produção, está em cartaz no Cine Banguê do Espaço Cultural.

O enredo de ‘A felicidade das pequenas coisas’ é simples, mas envolvente. Ugyen Dorji (Sherhab Dorji) tem mais ou menos 20 anos, é professor de uma escola pública, mas sonha deixar tudo desejando emigrar para a Austrália onde pretende desenvolver uma carreia musical exitosa. Ugyen tem de adiar este sonho para cumprir, obrigatoriamente, mais um ano de magistério pelas leis do governo butanês. Ele reluta deixar sua avó, namorada e amigos para se isolar na longínqua Lunana, uma região montanhosa e de difícil acesso no distrito de Gasa, na cordilheira do Himalaia, noroeste do Butão, um país entre a China e a Índia.

Sem saída, Ugyen parte numa longa odisseia maldizendo as adversidades do longo caminho (feito a pé) durante uma semana até o lugarejo para alfabetizar as crianças do lugar. Tendo como guia Michen (Ugyen Norbu Lhendup), que se desdobra em gentilezas, nada o consola. A hospitalidade da gente de Lunana contrasta com a precariedade dos meios materiais do lugar que tem “a escola mais isolada do mundo”. Tudo parece um pesadelo para o jovem professor Ugyen. Pouco a pouco, ele vai se envolvendo com a gente da comunidade, sobretudo com o carinho e respeito de seus alunos ao novo mestre e a expectativa deles na função libertadora da educação.

É a singeleza da narrativa e o encanto das personagens, em particular as crianças da aldeia, que tornam ‘A felicidade das pequenas coisas’ um filme envolvente (e comovente). Classificado erroneamente como uma “comédia dramática”, nenhuma cena nos convida a uma gargalhada. No máximo, reagimos a certas situações com um sorriso de ternura, como na comovente relação do professor com suas crianças, em especial Pem Zam (vivida pela própria Pem Zam), a “capitã” da turma. Tudo é previsível, no melhor dos sentidos. Sua simplicidade nos remete aos filmes do japonês Yasujiro Ozu (1903-1963): ‘Era uma vez em Tóquio’ (1953), ‘Começo de primavera’ (1956), ‘Crepúsculo em Tóquio’ (1957), ‘Bom dia’ (1959), ‘Dia de Outono’ (1960), ‘A rotina tem seu encanto’ (1962), entre outros.

A semelhança com Ozu está na sua mise-en-scène marcada pela rigidez dos planos fixos e suas composições aparentemente despretensiosas. O diretor assume essa conexão ao se declarar inspirado na obra do mestre japonês. Dorji opta por uma direção que privilegia enquadramentos fixos (mesmo com a câmera na mão), desprezando os movimentos de câmera ao captar seus personagens em cena. A paisagem da cordilheira do Himalaia é também uma personagem do filme, o que exige grandes planos para apreender a plenitude de sua beleza na bela fotografia de Jigmer T. Tenzing. 

‘A felicidade das pequenas coisas’ é o segundo filme que o Butão inscreve no Oscar. País de uma cinematografia modesta, iniciada em meados dos anos 1990, teve como primeiro filme inscrito ‘A Copa’ (1999), de Khyentse Norbu, que pode ser conferido no Petra Belas Artes à La Carte. A curiosidade deste primeiro longa-metragem de Dorji está no fato de que grande parte do elenco vem dos próprios habitantes da região, muitos deles nunca deixaram a aldeia e nunca tinham visto um filme. Buscando retratar a simplicidade do cotidiano dessas pessoas, como tão bem fez Ozu no Japão, Dorji, respeitou até a mudança das estações filmando tudo em ordem cronológica. 

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