Na próxima semana, as comissões técnicas da Câmara dos Deputados definem seus novos presidentes e existe enorme expectativa para saber quem assumirá a Comissão de Direitos Humanos. A comissão foi palco, em 2013, das maiores polêmicas e protestos dentro do Congresso por conta do comando exercido pelo deputado Marco Feliciano (PSC-SP). À frente da comissão, Feliciano trabalhou a favor de bandeiras conservadoras radicais como a “cura gay”, que previa tratamento para homossexuais, considerando que essa opção sexual era uma doença. A proposta passou na comissão, mas nunca mais prosperou pelo seu conteúdo absurdo.
O grupo que conseguiu eleger Feliciano agora opera para fazer um sucessor com o mesmo tipo de pensamento ou até mais radical. De olho na comissão, o PP se articula, com o apoio dos grupos conservadores da Câmara, para eleger o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). Capitão militar da reserva, Bolsonaro tem mais de vinte anos de atuação dentro do Parlamento criando polêmicas, especialmente contra partidos de esquerda como o PT. Bolsonaro já defendeu o fechamento do Congresso, aplaudiu na tribuna do plenário a ditadura militar e não perde uma oportunidade para engrossar o coro contra conquistas de direitos civis dos homossexuais.
“Se eu virar presidente da Comissão de Direitos Humanos, as pessoas vão sentir saudades do Feliciano”, avisa Bolsonaro em entrevista ao blog. “Porque, comigo na presidência, não vai adiantar pressão de grupos de defesa de homossexuais dentro da comissão. E quem tem visto minha trajetória no Congresso sabe que, sozinho, eu toco um rebu contra PT, Psol ou qualquer outro partido”, diz.
O controvertido deputado, que já teve sua cassação pedida pelos adversários várias vezes pelas ideias que defende, tem uma pauta de propostas polêmicas, caso prospere a negociação política para comandar a Comissão de Direitos Humanos.
Estadão