Nelson Barros

Nelson Barros é psicoterapeuta e escritor.
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Tropeçando em Poesia

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A poesia fez folia em minha vida quando a professora nos pediu para criar quadrinhas terminadas em “or “ e “ão”: flor, dor, amor, coração, paixão, canção…

Quando escutei meu pai recitar um poema que falava dos desejos de três cegos, se pudessem ver algo por um único dia.

No dia em que, literalmente, tropecei num estranho poema chamado “Metade Pássaro”, de Murilo Mendes, e não consegui tirar aquilo da cabeça.

Dona Jane começou uma aula inesquecível com um poema chamado “O Juramento do Árabe”.*

Quando escutei Maria Bethânia recitando “Eros e Psiquê”, de Fernando Pessoa.

A poesia fez folia em minha vida quando escutei Isabela, na pracinha da alegria da UFPB, recitar, lindamente, “O Gato e o Pássaro”, de Jacques Prevert, num happening da Oficina Literária.

Quando Vitória Lima, cuja poesia bissexta faz folia em minha vida, me presenteou com o livro “O Zoo Imaginário”, de Sergio De Castro Pinto.

Luciano me presenteou com um quadro onde estava escrito um poema de Walt Whitman, “Um vez atravessei uma cidade populosa”.

Quando Fernanda Montenegro arrebatou a plateia já no primeiro poema de Dona Doida*.

Quando Ledusha disse: “cutucaram minha fogueira com ideias curtas? Agora segurem as faíscas”.

A poesia fez folia em minha vida quando, na Avenida Paulista, em frente à FNAC, uma senhora com carinha de freira à paisana, sorriu para mim e disse “sou poeta” e me vendeu, por 15 reais, um dos muitos poemas que carregava em folhas xerocadas.

Um cigano reconhece outro. Aquela senhora que se autorizou poeta me respondeu à pergunta. O poeta se autoriza ou é autorizado?

Foram tantas as vezes em que tropecei nelas, que elas começaram a tropeçar dentro de mim, a fazer folia e alvoroço, até nascer uma pequena poesia que batizei de “Um”, e alguém se referiu a minha pessoa me chamando de poeta.

O poeta se autoriza e é autorizado.

Conheci o trabalho de Meiacor (Americo Filho) numa série chamada “Espera”.

Foi mais um desses momentos em que a poesia me impactou. Era poesia sem palavras. Quando pensei em fazer este livro, foi a primeira pessoa que imaginei que poderia ilustrá-lo. Convidei, e ele aceitou. Espero que vocês apreciem.

Este livro é dedicado aos poetas que amo de toda a vida e da vida recente: Manoel Bandeira, Fernando Pessoa, Murilo Mendes, Adélia Prado, Thiago de Melo, Carlos Drummond de Andrade, Wilslava Szymborska, Walt Whitman, Jacques Prevert, Leda Beatriz Spinardi, Vitoria Lima, Sergio de Castro Pinto, Hildeberto Barbosa Filho , Patativa do Assaré, João Batista Oliveira Filho.

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