A técnica de enfermagem responsável pela aplicação de pelo menos 48 crianças contra a Covid-19, com doses da Pfizer para adultos, em Lucena, disse em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) que teria recebido ordens para vacinar todas as pessoas que estivessem na unidade de saúde.
Durante o depoimento, dado a procuradora da República Janaina Andrade de Sousa e à promotora de Justiça Fabiana Maria Lobo da Silva, por videoconferência, a técnica disse que foi contratada pela Prefeitura de Lucena em 22 de novembro de 2021, para auxiliar médicos e vacinar crianças, adolescentes, adultos e gestantes.
Em dezembro do ano passado ela foi designada para aplicar vacinas de Covid-19.A vacinação em crianças e adolescentes no município, segundo ela, teria acontecido em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e em uma âncora desta unidade em um assentamento, sendo que foram 36 pessoas, entre crianças, adolescentes e adultos, vacinadas no assentamento no dia 7 de janeiro de 2022 e as demais na UBS, nos dias 29 de dezembro de 2021 e 11 de janeiro de 2022, ou seja, antes de iniciar o calendário de vacinação para crianças entre 5 e 11 anos.
Sobre a ordem de vacinar todas as pessoas, a técnica disse que chegou a mandar uma mensagem de texto para a chefe de imunização do município perguntando se era para vacinar todas as pessoas e que recebeu “sim” como resposta. Ela disse ainda que, depois da troca de mensagens, recebeu uma ligação da chefe, que disse que era a ordem era vacinar porque as doses iriam vencer.
Durante o seu depoimento ela declarou também que não recebeu treinamento sobre a vacinação de Covid-19 para adultos ou crianças, e que não foi informada de que havia diferença dos volumes das doses. Ela disse ainda ao MPF que não sabia que crianças não podiam ser vacinadas com as mesmas doses que os adultos.
O MPF informou, por meio de nota, que instaurou um procedimento e que está acompanhando o caso. “Quanto à responsabilidade, ainda é muito prematuro afirmar algo nesse sentido porque as pessoas estão sendo ouvidas e a responsabilização que o MPF está apurando não é apenas no âmbito individual da pessoa que aplicou as vacinas, mas também do agente público, do município. No momento o que mais preocupa o Ministério Público são as vacinações futuras, o acompanhamento das crianças e mostrar que esse fato isolado no município de Lucena não atrapalha em nada a vacinação pediátrica aplicada de maneira adequada”, informou o órgão.