Depois de mais de 22 anos a morte do ex-deputado federal e vice-governador eleito Raymundo Yasbeck Asfora continua gerando desdobramentos na Justiça. Por uma decisão tomada pela ministra Maria Thereza de Assis Moura, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a viúva do ex-líder político paraibano, Gilvanete Vidal de Negreiros Asfora, o fotógrafo Marcelo Marcos da Silva e o caseiro João da Costa, na época apontados como suspeitos de ter envolvimento com a morte, voltarão novamente a júri popular. Asfora foi encontrado morto no dia 6 de março de 1987.
A decisão foi tomada no final do mês passado, atendendo requerimento do assistente do Ministério Público, na época, o advogado Geraldo Beltrão, sob a alegação de ter havido “erro na quesitação” durante o primeiro julgamento, ocorrido há mais de cinco anos e em que os réus foram inocentados e a denúncia arquivada a pedido do próprio Ministério Público. Na época da morte do ex-governador, surgiram duas teses em torno do caso: uma afirmando que Raymundo Asfora teria cometido suicídio e a outra que o político teria sido assassinado com um tiro à queima-roupa na cabeça.
Após decisão do Tribunal de Justiça da Paraíba que cassou a decisão e determinou novo julgamento, os réus recorreram ao Superior Tribunal de Justiça, mas tiveram o recurso especial negado. “A juíza do STJ entendeu que as provas devem ser contestadas em Campina Grande e por isso determinou novo julgamento. Foi uma decisão estranha, mas vamos aguardar o novo julgamento”, explicou o advogado de defesa dos réus, Enriquimar Dutra. Ele disse ainda que a tese de suicídio será novamente defendida para que não existam mais dúvidas sobre o caso. “Vamos alegar a mesma tese, que não foram eles. Tecnicamente não foi nem questionada a responsabilidade de nossos clientes, porque o júri entendeu que foi suicídio”, explicou o advogado, frisando que sua expectativa é de que o novo julgamento aconteça no mês de março de 2010.
Entretanto, o presidente do 2° Tribunal do Júri de Campina Grande, juiz Horácio Ferreira de Melo, informou que está aguardando a chegada do processo e o caso deverá “ser colocado em julgamento na primeira pauta”. Apesar do caso ter tido uma repercussão nacional anos atrás, para o magistrado não será necessário o reforço da segurança do tribunal para a realização do julgamento. “Tudo deverá acontecer dentro de um processo normal, como qualquer um outro”, assinalou.
De acordo com o processo, Raymundo Asfora foi encontrado morto por familiares com o corpo debruçado sobre uma mesa e com um tiro na cabeça, no interior de sua residência, conhecida como “Granja Uirapuru”, bairro de Bodocongó, em Campina Grande. Na noite anterior, o ex-deputado teria saído com amigos para um restaurante da cidade, onde havia relatado problemas enfrentados em sua vida pessoal. O caso passou a ser investigado pela polícia e pelo Ministério Público, que depois de vários meses e exames realizados por peritos criminais de Pernambuco, Rio Grande do Norte e São Paulo não conseguiram esclarecer a forma como a morte foi provocada. O caso Asfora teve muita repercussão e foi destaque até no programa Linha Direta da Rede Globo, na década de 1990.
Jornal da Paraíba