Os médicos da rede hospitalar municipal de João Pessoa decidiram nesta quarta-feira, 30, deflagrar greve por tempo indeterminado. A decisão pelo movimento foi unânime e aconteceu durante assembleia realizada na sede do Conselho Regional de Medicina.
Os 600 médicos efetivos da prefeitura da Capital param as atividades já na próxima segunda-feira, 04 de abril, após as 72h previstas para estabelecer comunicação com os órgãos e rede hospitalar. A partir desta data, serão mantidos apenas os serviços de urgência e emergência. Ficou definida ainda a adesão da categoria à mobilização nacional, que acontece dia 07 de abril.
De acordo com o presidente do SIMED/PB, Tarcísio Campos, o Sindicato vem tentando entrar em negociação com a Secretaria Municipal de Saúde desde dezembro do ano passado. No último 01 de março houve paralisação de advertência e, até a realização da assembleia desta quarta-feira, nenhuma contraproposta da prefeitura foi dirigida ao Sindicato, mesmo tendo sido solicitada audiência com a secretária municipal de saúde, Roseana Meira, e com o prefeito Luciano Agra.
– A nós restou a última arma do trabalhador, que é cruzar os braços. Tentamos negociar e evitar a greve, mas não houve contraproposta. Foram mais de sete ofícios enviados e fomos recebidos apenas uma vez. Este silêncio é um desrespeito não só à nossa categoria, mas também à população. Temos valor, mas não estamos sendo respeitados – lamentou Tarcísio.
Os profissionais reivindicam o reajuste do valor do plantão equiparado ao pago pelo governo do Estado às cooperativas, direito a férias e licença-prêmio integrais, como determina o Estatuto do Servidor e adicional noturno, já previsto no PCCR da Saúde. Pedem ainda melhorias nas condições de trabalho, compromisso de substituição dos médicos durante as férias, convocação imediata dos aprovados no último concurso público e tratamento igual para prestadores de serviço, com extensão da GDP fixa a todos eles.
– Pedimos a compreensão da população, pois faremos tudo ao nosso alcance para resolver este impasse. Já solicitamos nova audiência e esperamos, com isso, chegar a um acordo. Apelamos para a sensibilidade do prefeito Luciano Agra porque restam cinco dias para que isso seja resolvido antes da greve. O que mais importa para nós é não deixar a população desassistida – explica.
A situação da saúde no município
Tarcísio Campos explica que o argumento da gestão municipal de que só negocia com o retorno das atividades não terá mais valor, já que foram mais de 90 dias esperando pela negociação. Segundo ele, só no Ortotrauma de Mangabeira existem hoje mais de 100 pacientes aguardando cirurgias, com a maioria deles esperando em macas. Ele revelou que o aparelho de colonoscopia está quebrado há mais de três meses e o Ministério Público constatou recentemente que a situação continua mesma.
– Mais de 600 pessoas estão na fila da secretaria municipal para serem operados e no Hospital Santa Isabel já se pensava em fazer mutirão nos finais de semana. A Maternidade Cândida Vargas continua superlotada e falta todo tipo de material. Faltam respiradores, pacientes ficam internadas dentro do centro cirúrgico no pós-operatório, aguardando vagas. No Hospital do Valentina, há poucos médicos para uma alta demanda, que é reflexo dos PSFs que não funcionam. Aos médicos das policlínicas é pago por mês R$ 250,00 de produtividade. Ou seja, o descaso na saúde tomou conta de toda a rede municipal – resume.