Enganam-se os que pensam que a vida é feita das grandes coisas. Infelizmente, nossa cultura ocidental está impregnada de uma lógica, baseada em conceitos de super, hiper e mega, que vemos em apelos como: “seja um super pai”; “tenha uma hiper felicidade”; “realize um mega sonho”. Esses apelos são o reflexo de como a valorização da grandeza é dominante em nossa sociedade.
Os pequenos detalhes fazem muita diferença em nossos relacionamentos mais significativos. Às vezes, as pequenas coisas passam até despercebidas, mas são exatamente elas que embelezam e dignificam nossas atitudes, refletindo nossos mais nobres valores.
Ninguém precisa de muita coisa para ser feliz. Todavia, quando algumas pequenas coisas faltam, é difícil concretizar o sonho de felicidade. Uma esposa, por exemplo, não precisa de presentes caros e muitas jóias para ser feliz. Basta o amor do marido manifesto em gestos simples, como um abraço, um olhar carinhoso e outras pequenas atitudes que a façam sentir-se segura, amada e especial.
Os filhos não precisam de brinquedos sofisticados, envoltos em embalagem gigantes, para se tornarem crianças saudáveis. Carinho, amor, companhia e atenção dos pais são também maneiras lúdicas de presentear os filhos, aliás, são pequenos gestos insubstituíveis na vida de uma criança.
O tamanho de uma casa não significa que ali mora uma família feliz. O dinheiro compra até uma mansão, mas não a paz, o carinho, o amor e a ternura, indispensáveis para a felicidade no lar.
Estamos cada vez mais nos esquecendo de detalhes essenciais à vida, como cortesia, solidariedade, atenção, uma visita, uma palavra amiga, uma mão estendida, um gesto de perdão.
A cultura que supervaloriza as embalagens e as formas termina por não atentar para o que é essencial, escondido sempre nas pequenas coisas. A essência não pode sucumbir à aparência. O silêncio e a simplicidade de um quarto proporcionam mais intimidade com Deus do que a liturgia das grandes catedrais. O Altíssimo é também muito simples e acessível a todos que o buscam com simplicidade. Não foi por acaso que Jesus Cristo afirmou:
Tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
A grandiosidade está presente nos gestos e coisas aparentemente pequenos.