Houve um tempo em que o MDB era um dos mais fortes partidos do Brasil. Os partidários eram quase como uma torcida comparável ao Flamengo, Fluminense ou Vasco da Gama. O famoso caso Campestre, o racha entre José Maranhão e Ronaldo Cunha Lima que aconteceu em 1998 é um exemplo do poderio do então PMDB. Ronaldo e Zé brigaram porque sabiam que aquele que fosse escolhido pelo partido para disputar o Governo, já teria a eleição praticamente certa. Zé engendrou uma manobra para atrair os convencionais do PMDB que foram confinados num hotel no Rio Grande do Norte e assim selou sua vitória interna na legenda e consequentemente nas urnas com mais de 80% dos votos naquela eleição.
Mas, o tempo passa, o tempo voa e a situação mudou. Em âmbito nacional e estadual, o MDB ainda é forte, mas nada que se compare àquele arsenal eleitoral e passional do passado.
Nesta terça-feira, 13, mesmo, a candidata do MDB à presidência da República passou pela Paraíba quase despercebida. A recepção que ela teve, ironicamente, dependeu de um tucano: Pedro Cunha Lima. E digo ironicamente porque a história também nos mostra que o PSDB da Paraíba foi criado justamente da dissidência dos emedebistas descontentes com o estilo de José Maranhão. Ronaldo Cunha Lima saiu da sigla chateado com Zé e vários outros líderes o seguiram, inaugurando o ninho tucano paraibano.
Mas, nos tempos atuais, numa eleição muito diferente, Pedro Cunha Lima, que recebeu o apoio do PDT com a promessa de reciprocidade na construção de um palanque para Ciro Gomes, foi o anfitrião de Simone Tebet do MDB.
Ao chegar à Rainha da Borborema, sem a presença de Veneziano Vital do Rêgo, que estava cumprindo compromissos de campanha e pedindo votos para Lula, Simone foi questionada da peculiaridade da situação. Ela, alternando entre educação e acidez, disse que os emedebistas que não a acompanham sempre estiveram ao lado do PT até em episódios de corrupção como o mensalão e o petrolão. Eu estou em outro MDB, o que quer ressurgir. Mas, respeito o partido, respeito a individualidade de cada um. E tenho o maior respeito pelo MDB da Paraíba que não está conosco”.
Simone se gabou de estar em empate técnico no terceiro lugar e, com otimismo, disse que espera estar consolidada no terceiro posto da preferência do eleitorado em breve. Acontece que em breve é a eleição. Simone tem sido guerreira e é uma candidata capacitada que representa bem seu partido e as mulheres. Infelizmente, chegou à disputa num momento que o MDB majoritariamente se conformou em ser coadjuvante.