O Senado instaurou nesta segunda-feira duas sindicâncias para investigar João Carlos Zoghbi, ex-diretor de Recursos Humanos da Casa. A primeira investigação vai apurar denúncia de que Zoghbi é suspeito de integrar um esquema que desviava recursos do Senado para empresas de fachada registradas em nomes de laranjas. Em outra frente, o Senado vai apurar a acusação de que o ex-diretor teria utilizado apartamento funcional da Casa para acomodar parte da sua família –mesmo morando em uma casa localizada num bairro nobre de Brasília.
A denúncia de que Zoghbi teria utilizado irregularmente um apartamento funcional surgiu há mais de um mês, mas somente nesta segunda-feira o diretor-geral do Senado, Alexandre Gazineo, decidiu criar a comissão para investigar a denúncia –depois que surgiram novas acusações contra o ex-diretor. O senador Heráclito Fortes (DEM-PI), primeiro-secretário do Senado, havia solicitado a sindicância sobre o apartamento funcional desde que a denúncia veio à tona.
Gazineo designou seis servidores técnicos da Casa para investigar as denúncias contra o ex-diretor em sindicâncias distintas –compostas, cada uma, por três funcionários. Pela legislação em vigor, os servidores vão ter o prazo de 30 dias para apresentar os resultados das investigações.
Haráclito disse que considera as acusações graves, por isso determinou a abertura das sindicâncias. "Não sei o que aconteceu, mas vamos investigar os fatos", afirmou.
Denúncias
Segundo reportagem da revista "Época" desta semana, Zoghbi abriu no nome de uma ex-babá, Maria Izabel Gomes, 83, que mora na casa dele, três empresas –DMZ Consultoria Empresarial, DMZ Corretora de Seguros Ltda e Contact Assessoria de Crédito Ltda. A suspeita é de que parte do faturamento dos últimos anos dessas empresas, cerca de R$ 3 milhões, teria como origem contratos assinados pelo Senado.
Uma das possíveis fontes de desvio seria um contrato com o Banco Cruzeiro do Sul, no qual a instituição oferecia crédito consignado aos servidores da Casa. Em nota, o banco negou irregularidades na prestação de serviços de crédito consignado aos servidores do Senado Federal. A instituição ressalta que não é a única a realizar esse tipo de empréstimo aos funcionários da Casa.
Zoghbi diz na reportagem que as empresas pertencem à sua família. Ele admitiu que colocou os filhos como sócios porque "é proibido a servidores públicos ser donos de empresas que negociam com órgãos públicos".
No que diz respeito ao imóvel, Zoghbi foi acusado de ceder o apartamento funcional aos seus filhos, apesar de ele morar em outro local. Após a denúncia, ele pediu exoneração do cargo. Ele chegou a ser cotado para assumir o lugar de Agaciel Maia, afastado da diretoria-geral do Senado após denúncia de não declarar a posse de uma mansão de R$ 5 milhões.
O apartamento teria sido reformado no ano passado para acomodar o filho recém-casado do diretor. Antes da reforma, o imóvel teria sido ocupado por outro filho de Zoghbi e sua ex-mulher, sem que o diretor morasse no local.
da Folha Online, em Brasília