Nada como uma grande atuação para mudar o ambiente na seleção brasileira na Copa América em casa. As vaias e reclamações das partidas anteriores se transformaram em aplausos e empolgação neste sábado, 22, na vitória por 5 a 0 sobre o Peru, na Arena Corinthians, em São Paulo. Antes da partida, o técnico Tite, ídolo em Itaquera, pediu que a torcida transferisse o carinho que tem por ele aos atletas mais jovens. E a maior parcela de afeto foi para Everton, o dono da festa, que ganhou a titularidade e levantou as arquibancadas.
Desde o início da partida, o clima em Itaquera foi bem diferente do da estreia, no Morumbi. Para começar, o estádio lotou (mais de 45.000 presentes), inclusive com alta presença de peruanos, que tentaram equilibrar a gritaria no começo, mas sucumbiram já no primeiro gol. No momento da escalação, Tite foi ovacionado, mas quem provocou o maior burburinho foi mesmo Everton, que já havia entrado bem diante da Bolívia (fez um golaço) e no empate sem gols com a Venezuela. O hino cantado à capela também foi um espetáculo à parte e parece ter contagiado o time, muito mais concentrado que nos jogos anteriores.
É verdade que a formação tática de Ricardo Gareca, o técnico argentino do Peru, com a defesa em linha alta e pouca recomposição dos homens de frente, tornou a missão do Brasil bem mais fácil. Arthur e Philippe Coutinho, com ótima qualidade de passe, e o imparável Everton, que flanou pela ponta esquerda, foram perigo constante para a seleção peruana. Ficou novamente provado que o time de Tite sobra contra times menos defensivos – e sofre diante de retrancas como a da Venezuela.
O primeiro gol veio em jogada forte da seleção brasileira, o escanteio partindo da esquerda. O volante Casemiro aproveitou rebatida e, quase em cima da linha, balançou as redes pela seleção pela primeira vez. O jogador do Real Madrid, no entanto, levou o segundo cartão amarelo no torneio e estará suspenso nas quartas de final – assim como ocorreu na eliminação para a Bélgica, na Copa da Rússia.
O segundo veio em bobeada incrível do goleiro Gallese, que chutou a bola em cima de Roberto Firmino; ela ainda bateu na trave e, na sequência, o a atacante do Liverpool, com extrema frieza, driblou o arqueiro e, olhando para o lado, à la Ronaldinho Gaúcho, tocou para as redes. Foi seu primeiro tento na Copa América. Neste momento, o clima já era de euforia absoluta na zona leste de São Paulo. Já o peruano Paolo Guerrero, outro velho conhecido na Arena, impotente diante da superioridade do Brasil, recebeu vaias e demonstrou enorme irritação.
A torcida já gritava o nome de Everton Cebolinha até que chegou seu momento de consagração, aos 31 do primeiro tempo. O atacante do Grêmio arrancou pela esquerda, cortou para o meio e acertou um chute forte, rasteiro e no canto. O terceiro saiu já no início da segunda etapa, em outra bonita jogada: o capitão Daniel Alves tabelou com Roberto Firmino, que devolveu no ponto exato, invadiu a área e encheu o pé. O lateral baiano, que havia criticado o público paulista na estreia, também fez as pazes com a galera e recebeu fortes aplausos.
O cenário se manteve e tanto Tite quanto Gareca aproveitaram para poupar atletas importantes, como Coutinho, Filipe Luís, Guerrero e Cueva. Everto seguiu infernizando a defesa peruana. Já perto do fim, o zagueiro Luís Advincola perdeu a paciência e deu uma botinada no gremista, mas escapou do cartão vermelho. Ainda houve tempo para mais um lindo gol de Willian, que entrou no segundo tempo e acertou um chute com curva, colocado, a seu estilo, da entrada da área, e de o Brasil desperdiçar um pênalti, com Gabriel Jesus – que ganhou a vaga de titular, mas foi o mais apagado do ataque.
O jogo terminou sob fortes aplausos à seleção, que, ao terminar em primeiro no Grupo A, fará as quartas de final na Arena do Grêmio, em Porto Alegre. Seu adversário só será conhecido na segunda-feira, 24, e pode até ser a Argentina, que ainda luta por vaga em sua chave.
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