O secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, disse hoje que não é dono do cargo, ao ser indagado se permaneceria na função depois da revelação do jornal O Estado de S. Paulo de seu suposto envolvimento com a máfia chinesa. "O cargo não é meu", afirmou Tuma Júnior, minutos antes de se dirigir para uma reunião com o ministro da Justiça Luiz Paulo Barreto, para discutir o assunto. O encontro não estava agendado.
De acordo com a reportagem publicada hoje, a Polícia Federal (PF) identificou ligações de Tuma Júnior com Lo Kwok Kwen, conhecido como Paulo Li, apontado como um dos chefes da máfia chinesa em São Paulo. Entre os telefonemas gravados com autorização judicial, na investigação sobre contrabando, são frequentes as conversas de Li com o secretário nacional de Justiça.
Tuma Júnior minimizou a revelação que consta no inquérito da PF. "Eu não fiz nada", afirmou. Perguntado sobre suas relações com Paulo Li, ironizou: "Eu não sou racista."
No fim da tarde, o secretário nacional de Justiça se recusou a falar sobre a investigação. “Não tive acesso nenhum a essa investigação, portanto é impossível falar”, disse aos jornalistas por volta das 18h15, quatro horas depois de ter anunciado que concederia uma entrevista coletiva. Mais cedo, o secretário disse aos jornalistas que cuidaria “primeiro do trabalho e depois da fofoca”.
Paulo Li foi preso com mais 13 pessoas, sob a acusação de comandar uma quadrilha especializada no contrabando de telefones celulares falsificados, importados ilegalmente da China. Li, que de acordo com as investigações também ganhava dinheiro intermediando a emissão de vistos permanentes para chineses em situação ilegal no País, tinha livre trânsito na secretaria.
Ao ser preso, Paulo Li telefonou para Tuma Júnior na frente dos agentes federais que cumpriam o mandado. O envolvimento entre os dois também foi revelado por telefonemas nos quais Tuma Júnior fazia encomendas de aparelhos celulares, computador e até videogame.
Senador foge da polêmica
O senador Romeu Tuma (PTB-SP) fugiu da polêmica sobre o envolvimento de seu filho com um dos chefes da máfia chinesa. O senador saía da reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), nesta manhã, quando foi indagado se iria comentar a reportagem. Ríspido, respondeu: "Isto é com o delegado Romeu Tuma Júnior".
Agência Estado e Agência Brasil