O PDT Nacional publicou nesta quinta-feira, 27, uma defesa pela proposta de impressão do voto no Brasil. Em um vídeo protagonizado pelo presidente da sigla, Carlos Lupi, a figura de Leonel Brizola é lembrada para diferenciar a postura do partido daquela manifestada, atualmente pelo presidente Jair Bolsonaro. Na Paraíba, o movimento é encabeçado pelo presidente estadual do PDT, Renato Feliciano. Em contato com o ParlamentoPB, o dirigente confirmou a postura partidária: “O PDT nacional está defendendo e nós seguimos a orientação partidária”, resumiu.
No vídeo divulgado pelo presidente Carlos Lupi, ele ressalta que o partido defendia a ideia de imprimir o voto muito antes do movimento de direita chegar ao poder no país. “Desde o surgimento da urna eletrônica, nossa referência, Leonel de Moura Brizola, já defendia uma coisa simples de se fazer: a impressão do voto. Para que possa apertar lá o número do seu candidato, seu papelzinho cair numa urna transparente e ficar ali guardado. Quando tiver uma desconfiança ou uma votação muito diferente de locais, você pode conferir esse voto”.
Ele admite que, hoje, “algumas pessoas mais à direita querem defender a impressão do voto“. Afirma, porém, que isso não levará o PDT a “deixar de defender aquilo que para a democracia é salutar”.
Em 2022, o PDT deverá lançar Ciro Gomes como candidato à presidência da República.
A volta do voto impresso é objeto de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) em tramitação no Congresso Nacional. O relator da proposta pretende discutir com líderes da Câmara dos Deputados a possibilidade de votação da matéria no mês de junho. Filipe Barros (PSL) participou de audiência pública e questionou a atual auditoria do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “É possível falar que há, de fato, auditoria? É possível falar que o sistema hoje é auditável com irrisórios 0,010% de urnas verificáveis?”, questionou o parlamentar. Também presente na audiência, o especialista em perícia contábil e auditor, Roger Maciel, avaliou o controle das eleições. “Ele é auditável, é possível de ser auditado. A amostra é significativa? É pouca. O ideal de uma amostra seria um percentual de 0,010% que é feito hoje”, disse. “Ainda que nunca se tenha comprovado uma fraude ou que ela possa ser considerada muito difícil, ou até mesmo pouco provável. Sob o ponto de vista de segurança da informação, sob o ponto de vista da ciência que permeia essa área de conhecimento, é um fato que não podemos ignorar”, opinou o presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, Marcos de Almeida Camargo, sobre a atual segurança das urnas eletrônicas.
A ideia, contudo, gera muitas críticas. O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), por exemplo, acredita que a mudança geraria danos profundos à democracia: “Imagina em uma área onde tem milícia, como no Rio de Janeiro, onde 58% do território da cidade está na mão de milicianos, de acordo com estudos recentes. Se você passar o recado para a população que em algum lugar está anotado o seu voto, a milícia nunca mais perde uma eleição”, disse.
“As urnas eletrônicas são auditáveis. Eu acho curioso porque o Brasil está com fome, a violência está crescendo, temos desemprego. Estamos chegando a 500 mil mortos por Covid-19 e a preocupação deles é o voto impresso. A urna eletrônica é uma das poucas coisas que está funcionando, mas é a isso que eles querem dedicar energia”, criticou Freixo.