A manhã de hoje registrou dois momentos distintos de manifestações pró e contra o governo de Jair Bolsonaro (PSL) na Câmara de João Pessoa. O vereador Lucas de Brito (PV) parabenizou o governo federal pelo anúncio de pensão vitalícia para crianças diagnosticadas com microcefalia decorrente do vírus Zika. Autor da lei que pune quem favorece o desenvolvimento do mosquito em João Pessoa, o parlamentar salientou que “o surto da doença que houve no país afetou o desenvolvimento de várias crianças”, inclusive, na Paraíba.
“O governo anterior havia estendido o BPC para as crianças, mas este só poderia ser recebido caso não houvesse vínculos empregatícios. A partir desta Medida Provisória, as crianças receberão o benefício mesmo que os pais arrumem emprego”, explicou Lucas. A MP editada pelo governo assegura pensão especial por toda a vida para crianças vítimas de microcefalia para quem nasceu entre 2015 e 2018, e cuja família receba o Benefício de Prestação Continuada (BPC) – auxílio no valor de 1 (um) salário-mínimo concedido a pessoas de baixa renda. A decisão vai beneficiar 3.112 crianças com microcefalia no Brasil.
Também por causa dessa MP, a vereadora Raissa Lacerda (PSD) apresentou um Voto de Aplauso à primeira dama do Brasil, Michelle Bolsonaro, que participou da solenidade na qual o presidente fez o anúncip no dia de ontem. A honraria foi justificada pelo trabalho na área de assistência social. A vereadora também parabenizou o presidente Jair Bolsonaro por ter assinado a Medida Provisória.
81 besteiras – Do lado da oposição, o vereador Marcos Henriques, do PT, disse que o presidente cometeu 81 vaciladas desde que chegou ao cargo em janeiro, o que corresponde a uma média de “um vacilo a cada 10 dias”.
“O presidente Jair Bolsonaro (PSL) agrediu o primeiro ministro da França, Emmanuel Macron, e sua esposa, Brigitte Macron, chamando-o de franga e ela de dragão. Esse presidente fala o que quer, sempre de maneira irresponsável. Agora ataca o pai da ex-presidente do Chile, Michelle Bachelete, lembrando da morte dele. Isso é muito ruim, tensiona nosso país com o mundo e chega a diminuir a nossa balança comercial, que era de R$ 113 bilhões e caiu para R$ 111 bilhões. Já perdemos R$ 2 bilhões em um ano. Este Governo vai afundar nosso país”, comentou o vereador.
Marcos Henriques elencou algumas ações e atitudes de membros do Governo Federal que considerou vaciladas, “por não encontrar termo melhor”. Entre o que avaliou como vaciladas, o vereador destacou: a mulher de ministro das Relações Exteriores pegou carona em avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para passar férias em Paris, na França; o ministro da Educação, Abraham Weintraub, escreveu duas vezes a palavra “paralisação” usando a letra “z” em ofício endereçado ao ministro da Economia, Paulo Guedes, além de chamar Macron de cretino em sua conta oficial no Twitter; o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL/SP), filho do presidente e postulante ao cargo de embaixador nos Estados Unidos, em seu Twitter, chamou Macron de idiota; o Ministério da Educação (MEC) fez novos cortes e não irá financiar nenhum novo pesquisador este ano.
“Acho que essa família e este Governo sentem prazer em agredir as Nações. Cada dia fico mais indignado com os desmandos deste Governo Federal, que nos envergonha diante das outras Nações. São R$ 926 milhões cortados da Educação para pagar emendas de parlamentares que votaram a favor da reforma da previdência. As universidades vão passar por momentos de recessão, não haverá dinheiro nem para pagar a água”, ressaltou.
O vereador ressaltou que o presidente Jair Bolsonaro chamou de “herói nacional” o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que chefiou o Destacamento de Operações de Informações (DOI-CODI) em São Paulo e ficou conhecido como um dos maiores torturadores da ditadura.
O parlamentar ainda destacou que, após se desentender com o presidente da República, o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inep), Ricardo Magnus Osório Galvão, foi exonerado. Bolsonaro acusou o Inep de mentir sobre dados do desmatamento e agir a serviço de alguma organização não governamental.
“Ele exonerou uma das maiores autoridades na área. Os dados apresentados pelo Inpe são verdadeiros. Esse presidente defende a ação de grileiros e latifundiários que vão devastar nossa Amazônia, que, em seu dia, não tem nada a celebrar. Ele nega o aquecimento global e diz que ecologia é coisa de vegano, que só come mato. Ainda disse que o programa ‘Mais Médicos’, que atendeu milhões de pessoas em nosso país, era um grupo guerrilha. Tudo na visão desse Governo que pratica uma política de exclusão social”, lamentou.