Angélica Lúcio

Angélica Lúcio é jornalista, com mestrado em Jornalismo pela UFPB e MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atualmente, atua na Comunicação Social do HULW-UFPB/Ebserh como jornalista concursada.
Angélica Lúcio

Quais atributos formam o perfil do jornalista ideal?

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Em 1994, o jornalista Miquel Ángel Violan apontou, durante uma palestra na Faculdade de Ciências da Comunicação da Universidade Autônoma de Barcelona, quais atributos formariam, em sua concepção, o perfil (ideal) do jornalista da imprensa escrita.

Quase 30 anos depois, revisito tais características na obra clássica “A construção da notícia” (Miquel Rodrigo Alsina, editora Vozes) com a certeza de que alguns atributos listados por Violan também são aplicáveis a comunicadores de outras plataformas, como rádio e TV, e não apenas da imprensa escrita.

O perfil do “jornalista ideal” (se é que ele existe) inclui várias características como essenciais, dentre as quais destaco as seguintes: ser polivalente; combinar qualidade e rapidez, ou seja, fazer o melhor no menor tempo possível; possuir flexibilidade e uma mente aberta; ter predisposição à formação permanente; possuir visão global do trabalho.

Achou muito? A lista não para por aí. Também é necessário ter formação multimídia (ver os outros meios de comunicação como instrumentos de trabalho para o benefício próprio); ser um apaixonado pela tecnologia e se adaptar às permanentes mudanças; ter facilidade com a informática.

É preciso ainda saber compreender o que acontece na rua e o que acontece com a notícia, rejeitar a captação da informação por meios ilícitos, educar a curiosidade; ter autorregulamentação (não precisa esperar que lhe digam o que fazer); assumir o caráter competitivo da profissão; ter ambição sadia, mas não a qualquer preço; ter capacidade para continuar sempre se esforçando; saber trabalhar em equipe, aprender com os companheiros de profissão, desenvolver a capacidade de empatia.

Ainda conforme apontado no livro, o “jornalista ideal” também deve ter criatividade primária (possuir boas ideias) e criatividade secundária (saber como levar à prática essas boas ideias); ter capacidade de sacrifício e disponibilidade, mas dentro de alguns limites (é preciso ter uma outra vida além do trabalho); ser capaz de tomar decisões; ter resistência física e psíquica: saber trabalhar sob pressão).

Se não bastasse tudo isso, também é preciso que o profissional possua um certo sentido de humildade: estar sempre ciente de que existem mais coisas que não conhece do que as que conhece. E ainda deve ter o desafio da qualidade como filosofia: fazer bem as coisas.

Por fim, o jornalista deve aprender a ouvir; cultivar permanentemente as diversas linguagens; ter capacidade para se entusiasmar; ter interesse por viajar, por conhecer idiomas e pessoas; batalhar pelo rigor da profissão; e ainda ter capacidade de concentração e clareza nas ideias, autocontrole emocional, um distanciamento sensível.

Ufa! Ser jornalista é difícil, todos nós sabemos, mas ser “jornalista ideal” é… Impossível? Acho que sim! Imagino que seja quase uma utopia encontrar tantos atributos em um só profissional. A quem tenta ser tão “ideal” assim, alerto: cuidado para você não se transformar em um personagem de distopia…

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