A professora paraibana Rumanelly Reis (HBE, João Machado) gravou um vídeo que tem repercutido intensamente dentro e fora das redes sociais. Em seus stories, ela usou adjetivos fortes contra a homossexualidade e chegou a dizer que os LGBTs vivem em pecado e são uma aberração. Em suas qualificações, Rumanelly cita o curso de Biologia da UFPB e acrescenta ser especialista em Teologia. Sua argumentação, contudo, menciona bases bíblicas.
Ela chega a dizer que “homossexualidade, transgeneralidade e práticas sexuais não reprodutivas porque não ‘vai’ gerar filhos… então acabou-se a espécie humana (…) é uma agressão até para os evolucionistas, sejam vistas como desvio, crime, mas isso foi forte, quem é que considera homossexualidade crime? aberração, mas a Bíblia vê como aberração e pecado mesmo”.
Em meio à repercussão do caso, a Defensoria Pública do Estado da Paraíba, através da Coordenadoria de Diversidade Sexual e Direitos Homoafetivos, recomendou à professora que faça uma Nota de Retratação com pedido de desculpas à população LGBTQIA+ por ter se utilizado de palavras com motivação homofóbica em live realizada em rede social. De acordo com a defensora pública Remédios Mendes, a educadora desrespeitou a lei e a diversidade humana ao se expressar para além de suas convicções pessoais e religiosa.
Além do pedido de desculpas, recomendou-se que a professora reconheça a legitimidade do movimento LGBTQIA+, a legalidade de suas ações e sua importância no contexto atual, onde se discute a inserção, a inclusão, o combate a LGBTfobia e o respeito à dignidade da pessoa humana; que reconheça também que o Supremo Tribunal Federal decidiu que homofobia é crime equiparado ao de racismo, sendo inafiançável e imprescritível, e que respeita que a orientação sexual é um direito de cada cidadão e de cada cidadã constitucionalmente assegurado.
A Defensoria recomenda ainda que a professora possa ministrar palestras em escolas públicas de João Pessoa ou outro local a ser determinado pelo movimento LGBTQI +, sobre o tema “homofobia” e que a nota seja veiculada de forma falada e escrita, com ampla divulgação em suas redes sociais, nos blogs onde foram veiculados e outros meios de comunicação.
Na recomendação, a coordenadoria ressalta que o ciberespaço interfere no processo de relação e produção dos discursos e sentidos. “A fala preconceituosa transpõe a linha do respeito e da dignidade da pessoa humana, não cabendo justificativa que apoie tais ofensas e posicionamentos LGBTIfóbicos”, diz o texto.
Além disso, afirma o documento, “palavras proferidas por pessoa pública, que tem o condão de respeitar as leis e efetivamente os diferentes e a diversidade, bem como o Estado Democrático de Direito, reverberam no ciberespaço, sobretudo quando proferidas por professora, atualmente exercendo função em dois educandários nesta Capital”, pontua.
Em sua rede social, Rumanelly publicou a seguinte nota que, em síntese, diz não ter incitado o ódio, violência ou ofensa contra a comunidade LGBTQI+. Ela acrescenta não ter querido desrespeitar os gays e encerra afirmando que eles têm direito à vida, dignidade, liberdade de expressão e religiosa, sendo amados por Deus.
Originalmente, o ParlamentoPB informou que Rumanelly fez parte dos quadros do Colégio Anglo, mas representantes da instituição entraram em contato com o ParlamentoPB informando que ela nunca integrou a instituição. Apesar disso, a educadora tem, em rede social, pasta com fotos que registrou com alunos e uma delas é identificada como sendo de estudantes do Anglo. Em conversa com os representantes atuais do Anglo, o site foi informado que Rumanelly pode ter trabalhado em outra empresa, especializada em cursinhos, que tinha nome parecido, mas outra administração.