Mulher, humilde, paraibana e como diria Belchior, “sem parentes importantes e vinda do interior”, Jonilda Alves Ferreira se tornou professora e para superar o constrangimento de ser “temida” pelos alunos por ensinar matemática, decidiu usar a criatividade para se aproximar deles e ao mesmo tempo apresentá-los a uma forma mais “leve” e prática de lidar com números, fórmulas e equações. Na rede municipal de Paulista, ela começou a desenvolver atividades triviais fora da sala de aula. Levou os alunos à sombra de uma árvore, à pizzaria e ao mercadinho. Em cada situação, usou elementos do cotidiano para mostrar que a matemática estava em toda parte. O resultado desse aprendizado veio nos anos seguintes: já são mais de 300 prêmios nacionais, regionais e até um internacional em competições de matemática. Jonilda se orgulha também de ter cinco de seus alunos, dentre os quais um de seus filhos, aprovados para Medicina. Outros estão em engenharias, Pedagogia, Física e, claro, Matemática.
Jonilda Ferreira foi a entrevistada do Tambaú Debate da TV Tambaú deste sábado, 7, abrindo uma série do Mês da Mulher: “Queremos mostrar exemplos inspiradores, que mostrem a garra, sensibilidade e competência de mulheres que superaram realidade difíceis e mudaram a própria vida e de outras pessoas”, disse a apresentadora do programa, Cláudia Carvalho.
“Quando eu comecei a ensinar, era no ensino médio, e eu percebi a rejeição dos alunos quando eu ia me aproximando da sala de aula. E me angustiava que eles não gostassem da aula de matemática. E aí, fui procurando maneiras de deixar as aulas mais dinâmicas para que o aluno pudesse gostar daquilo que ele estava fazendo. Comecei a pesquisar, planejar bem as aulas e é preciso que se tenha coragem e bom planejamento para que as coisas dêem certo. Sempre deu certo? Não. Mas, aí eu replanejava. Com a chegada das Olimpíadas [Brasileiras de Matemática], foi mais um incentivo e pudemos fazer um trabalho melhor. Não conseguimos atingir todos, mas uma quantidade bem significativa”, explicou a professora, que atualmente se divide entre o trabalho em uma escola particular de Campina Grande e a rede municipal de Paulista, na região de Patos.
Com o modelo “prático” de ensinar matemática, Jonilda confessa uma surpresa: “Aqueles alunos que normalmente são mais preguiçosos são os que mais se destacam”.
Até o fim do ano passado, ela já contabilizava 336 prêmios, sendo um regional e um internacional obtido na Argentina. Somente da OBMEP são 162 premiações. Ela faz questão de ressaltar que o esforço é auxiliado pela direção da escola e pelos colegas professores. O segredo para estimular os estudantes? Ela conta: “As Olimpíadas são como trabalhar com os sonhos. Eles têm sonhos. E conseguimos despertar neles estes sonhos. Mas, para alcançar, eles precisam estudar bastante”.
Assista a entrevista: