A Procuradoria-Geral da República encaminhou ao Supremo o relatório de buscas e apreensões na Operação Pés de Barro, deflagrada em dezembro de 2019 contra o deputado federal Wilson Santiago (PTB-PB) – afastado do mandato por ordem do ministro Celso de Mello – para apurar suposto pagamento de R$ 1,2 milhão em propinas resultantes do superfaturamento das obras da Adutora Capivara, no sertão paraibano.
Entre os documentos compartilhados com o Supremo e que agora passam a fazer parte da investigação contra Santiago estão o controle financeiro de um avião e um cheque no valor de R$ 3 milhões assinado pelo petebista. Não há informação a quem se destinou o cheque, mas, conforme relatório da PF, a sua existência pode indicar a ‘capacidade financeira do investigado’, destaca publicação do Estadão.
A Procuradoria ainda encaminhou depoimento de Rosalina Maria Galiza da Silva Cavalcante, ex-funcionária de do deputado afastado, na qual confirma ter recebido R$ 30 mil de um colaborador em um hotel, em Brasília, e, em seguida, entregue o dinheiro à mulher do parlamentar, na residência do casal, também na capital federal.
A denúncia contra o parlamentar e demais envolvidos aguarda apreciação do Supremo. A Procuradoria pede o desmembramento do Inquérito 4800 para continuidade da apuração dos fatos relacionados aos crimes de lavagem de dinheiro, fraude à licitação e peculato que teriam sido levados a efeito pelos denunciados, com a autuação de novo Inquérito.
Aeronave – A aeronave está registrada em nome da empresa JFB Locadora Ltda, cujo sócio administrador é o secretário parlamentar Israel Nunes de Lima. Ele foi denunciado preso preventivamente por ser apontado como um dos emissários de propina de Santiago. O deputado afastado requereu reembolso de R$ 58 mil, decorrente do pagamento de despesas com aluguel de veículos da empresa JFB Locadora Ltda. O parlamentar também pediu o reembolso de R$ 16 mil pelo pagamento do fretamento de aeronave de filial da mesma companhia.
As despesas foram realizadas entre julho e novembro de 2019. Israel Nunes tornou-se sócio da locadora em 17 junho do mesmo ano.
Na denúncia apresentada pela Procuradoria, Israel Nunes é descrito como sendo uma das pessoas encarregadas do recolhimento da vantagem indevida destinada ao parlamentar, conforme informações e provas fornecidas pelo empresário George Ramalho.
Em uma das oportunidades (dia 3 de outubro de 2019) detalhadas na peça ministerial, o deputado recebeu R$ 25 mil de propina na sede do PTB paraibano.
Em outra ocasião, Israel foi filmado pela PF recebendo R$ 50 mil de George no aeroporto de Brasília e seguindo com o dinheiro direto para o Anexo IV da Câmara dos Deputados.
COM A PALAVRA, O DEPUTADO AFASTADO
A reportagem busca contato com a defesa de Wilson Santiago. O espaço está aberto para manifestação.
Estadão Online