Uma das maiores e mais preciosas conquistas do ser humano é a sua liberdade. Ser livre é uma questão de dignidade. É impossível pensar a felicidade, sonhar com ela, por trás de grades, sejam elas quais forem. As prisões diminuem a condição humana. Liberdade é fundamental. “Se pois o filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres” (João 8:36), é uma das mensagens mais impactantes do ministério de Jesus Cristo.
A vida nos enche de pequenas prisões. Nosso cotidiano tem muitas cadeias. Por isso mesmo é que a liberdade nos é tão preciosa, exatamente porque vai ficando cada vez mais rara. Ela não é só uma necessidade, é também uma conquista diária.
Infelizmente, nossos lares (e mentes) são constantemente invadidos por imagens – às vezes grotescas –, do cenário de muitas prisões espalhadas pelo Brasil. Nelas, vidas são trancafiadas; nelas, portanto, a liberdade percebe-se pequena demais.
Onde estão as verdadeiras prisões? Não raro, elas se encontram dentro de nós mesmos. É no interior de cada um que as grades carcerárias da liberdade vão sendo erguidas, em forma de sentimentos negativos, atitudes auto-depreciativas e vícios acorrentadores. Somos responsáveis pela nossa liberdade, como também por sua privação.
A pessoa que armazena ódio no coração e permite-se, ao longo dos anos, a companhia do ressentimento, da amargura, da vingança e da inveja, apenas está construindo muros dentro de si mesmo; na verdade, constrói muralhas. Não existe sistema penitenciário mais complexo e hermético do que o coração humano, alimentado pelo veneno dos sentimentos mesquinhos. Eles aprisionam a liberdade e oprimem a existência.
Muitas pessoas tem o hábito de viverem se auto-depreciando. Não se amam, deixam-se dominar pelos outros; não se valorizam, e têm uma péssima imagem de si mesmas. Algumas chegam até a mendigar amor e atenção. Negociam a dignidade e, o que é pior, tornam-se reféns de quem procuram. Viver assim é fechar-se atrás das grades opressoras da inferioridade, do aniquilamento e auto-flagelação. É privar-se de ser alguém que sonha e acredita em si. É condenar-se ao jugo da auto-rejeição.
Os vícios são também prisões de alto risco. Eles são algemas que colocamos sobre nós mesmos. São, portanto, limitadores da liberdade, da própria vida.
Todo viciado é um auto-condenado e, assina o seu veredicto: prisão temporária, prisão perpétua ou pena de morte. Ele é réu e juiz de si mesmo. Álcool, cigarro e drogas têm silenciado a vida de milhares de pessoas! O vício é uma prisão de muros altos. É uma cerca elétrica em torno da vida. Um sequestro da liberdade.
Muitas vezes, os próprios lares de tornam em grandes prisões. Os carrascos da liberdade se encontram dentro da própria casa, pela tragédia das famílias dilaceradas; dentro das escolas, como reflexo de uma sociedade que cultiva a pedagogia do caos; nos relacionamentos, pelo encontro entre pessoas vazias de sentido, de solidariedade e muito longe de Deus.
E interessante observarmos que a nossa liberdade não tem preço. A grande questão é a seguinte: Onde encontrá-la? Ela nunca estará nas coisas, nas pessoas, no dinheiro, no poder. Então, onde ela estará? Sempre na verdade! Na verdade do coração que ama e perdoa; do coração que se ama e reage; e, principalmente, no reencontro com Deus, fonte de todo amor e da plena libertação. “E conhecereis a verdade e ela vos libertará”.