Passada a Solenidade de Todos os Santos e o Dia de Finados, celebrados nos últimos dias, a Liturgia da Palavra, proclamada em nossas igrejas neste domingo, convida-nos a prolongar a meditação sobre a vida eterna. Prolonga-se o anúncio da Esperança Cristã: “não queremos deixar-vos na incerteza a respeito dos mortos, para que não fiqueis tristes como os outros, que não têm esperança”(1Ts 4,13). O Evangelho de Cristo é um anúncio de esperança, e de uma esperança que nos faz participar da vida futura já aqui neste mundo. O mistério da morte é o definitivo portal que nos porá para dentro dessa esperança. Não há porque temer esse mistério que cerca a nossa vida humana.
A experiência com o amor de Cristo coloca-nos na esteira da vigilância como caminho de luz. A morte não tem a palavra definitiva, mas Cristo, o nosso Esposo, com seu infinito amor por nós. As religiões pagãs da antiguidade, que tanto buscaram o empenho da sabedoria, foram incapazes de desvendar o dilema da morte. Para os cristãos, a morte é a realidade imediata que nos põe em contato com Deus e Sua vida eterna. Portanto, não é possível admitir uma verdadeira vida quando se tira Deus da pauta do dia; se tiramos Cristo, a vida humana cai no vazio e na desesperadora escuridão.
O Evangelho das dez virgens convidadas para uma festa de casamento (Cf. Mt 25,13) trata da relação existente entre o mistério da morte e o nosso feliz encontro com Deus. Deus tem pressa desse definitivo encontro! Ao longo dos altos e baixos da condição humana, o Senhor sempre nos espera. Afinal, Ele é um Deus que nos ama pacientemente. A parábola fala do óleo posto nas mãos das virgens. Tal óleo é indispensável para o encontro definitivo que teremos com Deus. Poderíamos enxergar no óleo o símbolo do amor que arrebata e que jamais pode ser comercializado. O amor é um dom que jamais pode ser comprado! Eis o motivo pelo qual as virgens prudentes não puderam conceder do próprio óleo para as virgens imprudentes: ” as previdentes responderam: “De modo nenhum, porque o óleo pode ser insuficiente para nós e para vós” (Mt 25,9).
A vida prudente é uma vida que medita a sabedoria, como nos assegura o Livro da sabedoria (6,15): “meditar sobre ela é a perfeição da prudência; e quem ficar acordado por causa dela, em breve há de viver despreocupado”. O Evangelho de Cristo sempre estar a nos convidar para o exercício dessa prudência: “esta parábola diz-nos que vigiar não significa apenas não dormir, mas estar preparado; com efeito, todas as virgens dormem antes que o esposo chegue, mas quando se acordam algumas estão prontas e outras não. Portanto, este é o significado de ser sensato e prudente: trata-se de não esperar o último momento da nossa vida para colaborar com a graça de Deus, mas de o fazer já agora” (Papa Francisco). Se trilharmos o caminho de luz do Esposo que nos espera, seremos reconhecidos na festa do céu.
Portanto, peçamos à Virgem, Sede da Sabedoria, que nos ensine o caminho da verdadeira Sabedoria, o caminho da Sabedoria que Se fez Carne para nos salvar. E quando nossa vida anoitecer para este mundo, estejam em nossos lábios e vidas a singela e breve oração dos sábios que conservaram o óleo do amor: “…vida, doçura, esperança nossa”.