Num contexto difícil de distribuição para o cinema nacional e, sobremaneira, para os filmes produzidos nos estados periféricos, um espaço no coração da capital paulistana, e numa sala cult como o Cine Sesc, é um alento para os realizadores. A “primavera do cinema paraibano” está aos poucos florescendo e espalhando seus pólens. A Mostra Aruanda SP tem início nesta quinta, 20 de julho, às 20h30, com a exibição de trechos de ‘Carnaval Paraibano e Pernambucano’, primeiro longa paraibano do nosso cineasta pioneiro Walfredo Rodriguez de 1923, e do curta ‘Era uma noite de São João’ (2022, 11 min), uma animação de Bruna Velden, seguidos do longa ‘Jackson: na batida do pandeiro’ (2019, 97min), de Marcus Vilar.
Aruanda SP é fruto direto do Fest Aruanda – Festival do Cinema e Audiovisual Brasileiro que, na sua 13ª edição, reuniu na Mostra Sob o céu Nordestino seis longas-metragens recém-finalizados, algo surpreendente na história da cinematografia paraibana. A maioria dessas obras foi produzida pelo edital do Prêmio Walfredo Rodriguez de Produção Audiovisual da Funjope – Fundação de Cultura da cidade de João Pessoa. A esse momento especial de nosso cinema o estudioso e o crítico de cinema do Estadão, Luiz Zanin Oricchio, chamou de “a primavera do cinema paraibano”.
No total são 14 filmes entre curtas e longas todos premiados no Fest Araunda e em festivais nacionais e no exterior, produzidos entre os anos de 2018 e 2022. A distribuição dessas obras em salas foi seriamente prejudicada pela pandemia e a maioria das exibições ficou restritas a festivais online. O nosso longa ‘Seu amor de volta (mesmo que ele não queira) ainda logrou chegar às telas de festivais ao longo do ano de 2019, depois de estrear em dezembro do ano anterior no Fest Aruanda. Em 2023 entrou na grade linear do canal Brasil e nos streamings da OI, Vivo e Claro.
Os filmes de longa-metragem que estarão na mostra Aruanda SP do Cine Sesc são o documentário ‘Jackson: na batida do pandeiro’, a ficção ‘Aponta pra fé ou Todas as músicas da minha vida’, de Kalyne Almeida; a ficção ‘Beiço de estrada’, de Eliézer Rolim; o doc ‘Miami Cuba’, de Caroline Oliveira, a ficção ‘Desvio’, de Arthur Lins, o doc ‘O Seu amor de volta (Mesmo que ele não queira)’, de Bertrand Lira e, encerrando a mostra, a ficção ‘Bia’, de Taciano Valério. Um curta-metragem por noite antecederá cada longa. São eles: ‘O que os machos querem, de Ana Dinniz, ‘Animais na pista’, de Otto Cabral, ‘Não existe pôr do Sol’, de Janaína Lacerda, ‘Faixa de Gaza’, de Lúcio César Fernandes, ‘Boyzin’, de R. B. Lima, e ‘Seiva’, de Ramon Batista, sempre às 20h30min no Cine Sesc da rua Augusta com sessões seguidas de debate.
Esta iniciativa do coordenador do Fest Aruanda, professor e cineasta Lúcio Vilar, abre possibilidades de abertura de outras janelas já que distribuidores, críticos e profissionais de cinema se farão presentes no evento. Aruanda SP não se limitará a exibições. O painel “conversas sobre o novo cinema paraibano” terá como temas os 100 anos do primeiro longa realizado na Paraíba e a contemporaneidade do cinema paraibano em filmes, críticas, pesquisas e leituras. Participam, além de realizadores, a professora da ECA-USP Marília Franco com a mediação do Luiz Zanin Orichio e do curador e crítico paraibano radicado em São Paulo Amilton Pinheiro. Que venham outras mostras.
Programação completa: https://www.sescsp.org.br/mostra-aruanda-sp-traz-novo-cinema-paraibano-para-a-capital-paulista/