Morre em João Pessoa, aos 57 anos, a militante transexual Fernanda Benvenutty

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Morreu aos 57 anos a militante LGBT Fernanda Benvenutty. Ela lutava contra um câncer no fígado e faleceu em casa, no bairro do Roger, em João Pessoa, neste domingo (2) pouco antes do meio-dia.

As informações foram confirmadas ao ParlamentoPB pelo presidente da escola de samba Unidos do Roger, Paulo César dos Santos. A escola vai homenagear Fernanda nesse Carnaval 2020, como já estava programado e sendo montada toda a estrutura de apresentação do grupo em homenagem a ela.

Fernanda Benvenutty era natural de Remígio, mas tinha sido atuação política e profissional desenvolvida em João Pessoa, tendo sido candidata a vereadora e deputada estadual. Era, além de militante, carnavalesca e profissional de saúde pública na Capital.

O velório será no Ginásio O Guarani a partir das 18 horas.

Endereço : R. Dezenove de Março, 13 – Roger, Joao Pessoa – PB (Proximo campo do onze).

Sepultamento:

Local: Cemitério Santa Catarina, no Bairro dos Estados.

Dia: 03/01/2020

Horario: 15h

Fernanda faria 58 anos no próximo domingo (9). O amigo e “filho adotivo”, Dhell Félix disse que conversou com ela ontem e Fernanda disse que queria morrer depois do carnaval. “Ela me adotou quando fui posto para fora de casa. Era um ser humano incrível”, disse.

A Associação Nacional de Travestis e Transexuais emitiu uma nota de pesar:

“É com imensa tristeza que a ANTRA informa que neste 2 de fevereiro, partiu desse plano a nossa querida Fernanda Benvenutty.

Ela que foi pioneira de muitas lutas e de muitas batalhas perdeu a vida vitimada pelo cancer. Nós estamos dilaceradas por peder tão importante personalidade, mas temos certeza que ela cumpriu o seu papel. E nos deixou um belo legado de luta e resistência.

Fui informada nesse minutos pelas companheiras de João Pessoa Adreina Vilarim e Ana Beatriz, e assim que tiver mais informações manteremos voces informadas.

Guardem as lembranças felizes que estiveram presentes onde fernanda passou, e que ela siga em paz. Nós continuamos aqui na luta que ela tanto ajudou.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS – ANTRA

Com Lula – Paralelamente à carreira de enfermeira, Benvenutty teve um marcante histórico de militância pelos direitos dos transexuais e transgêneros em João Pessoa. Em abril de 2005, ela, com uma comissão de militantes do movimento LGBT brasileiro, discursou na Câmara dos Deputados em Brasília, junto à Comissão de Direitos Humanos e Minorias, para reivindicar verbas para programas de combate à homofobia.

Durante a Primeira Conferência Nacional LGBT, ocorrida em Brasília em junho de 2007, a paraibana colocou um boné com a bandeira arco-íris sobre a cabeça do presidente Lula, que não se opôs mas mostrou algum desconforto em usá-lo, tirando-o alguns minutos depois.

Em 23 de novembro de 2011 por ocasião do seminário “Escola sem Homofobia” na Câmara dos Deputados, Fernanda Benvenutty proferiu em discurso:

O primeiro preconceito que sofremos, de fato, não estou dizendo que é cem por cento, mas na maioria dos casos do LGBTs, é dentro de casa, na família. Quando chegam em casa não encontram esse respaldo. É muito doloroso a escola te afastar do que você quer, meus sonhos ficaram pelo caminho. Meu pai idealizou um menino médico, e eu me idealizei uma doutora. Só cheguei a ser técnica de enfermagem e já agradeço muito, com tanta homofobia que houve na escola. Precisamos entender essas coisas para que as pessoas que estão aqui não pensem em combater a homofobia de cima para baixo. Para chegar à universidade, passamos por outros níveis e é neles em que a homofobia é mais latente. Na universidade existem pessoas pensadoras, que supostamente entendem que a universidade é o lugar da libertação, é o campo onde você vai poder assumir sua identidade de gênero, sua orientação sexual sem sofrer homofobia. (…) Na universidade você já é adulto, já pode se defender e reagir a um ato de homofobia, chamando os movimentos sociais para debater e para fazer ‘beijaço’, ‘panelaço’, ‘gritaço’ nas portas daquelas universidades e reivindicar que ela não tenha mais homofobia. (…) O nome social de travesti não se refere apenas ao nome de mulher pelo qual queremos ser chamadas. Nós queremos ser respeitadas na nossa identidade de gênero (…) Temos de entender que a escola é o lugar da transformação social. Se nós não conseguimos transformar através da escola, vamos transformar por onde?

Em 2009, o governo federal brasileiro divulgou o decreto que criou a Coordenação Nacional LGBT para cuidar da demanda das políticas públicas voltadas à comunidade gay. Na ocasião Fernanda foi um dos três nomes cotados para assumir o posto de coordenadora da pasta política.

A Prefeitura de João Pessoa também emitiu nota:

Prefeitura Municipal de João Pessoa

Nota

O prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, manifesta, neste momento de tristeza para o movimento cultural e social da Capital, sentimentos de profundo pesar e solidariedade pela morte da ativista Fernanda Benvenutty.

Além de externar reconhecimento ao trabalho e luta de Benvenutty, Luciano Cartaxo lamenta a grande perda que o movimento carnavalesco sofre com a passagem de uma das mais dedicadas defensoras do Carnaval Tradição de João Pessoa, como integrante da Escola de Samba Unidos do Róger.

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