A menina de 5 anos que foi deixada por seis meses pela mãe no Hospital Arlinda Marques, em João Pessoa, vai ficar com uma prima, que mora na cidade de Caaporã. A decisão foi tomada no final da manhã desta terça-feira (13) durante audiência na Vara da Infância e Juventude da capital.
“Hoje ficou definido, juntamente com o Conselho Tutelar e uma parente da criança que ela vai receber a guarda da menina. É uma prima da criança, uma senhora casada, que tem filhos e mora em Caaporã. Esse pedido de guarda teve a anuência do Ministério Público, a promotora de Justiça emitiu um parecer no processo concordando com o pedido de guarda e com base nisso, e em estudos feitos pelo Conselho Tutelar, nós decidimos e encaminhamos um ofício para o Arlinda Marques para que entregue a criança para sua nova guardiã, que é essa prima”, informou o juiz Adhailton Lacet.
O juiz disse que o caso envolvendo a menina não termina aqui, pois haverá um acompanhamento que será feito tanto pelo Conselho Tutelar quanto pela equipe multidisciplinar da Vara da Infância e da Juventude, que também atende a comarca de Caaporã.
“Esse caso não termina aqui, termina a prestação jurisdicional com a guarda, mas o acompanhamento vai prosseguir para possibilitar uma convivência familiar sadia para a criança”, ressaltou o juiz Adhailton Lacet.
Em relação a mãe da criança, ele disse que a polícia judiciária vai apurar possíveis crimes praticados ou não por ela ou qualquer outra pessoa, como abandono de incapaz e violência física, entre outros.
A menina foi internada seis meses atrás no Hospital Arlinda Marques, em João Pessoa, com um quadro grave de meningite e tuberculose. Quando chegou à instituição, a garota estava acompanhada pela mãe, que deixou-a no local e não retornou. A paciente, moradora de Caaporã, recebeu alta ontem (12), mas só poderia sair quando a Justiça determinasse quem ficaria responsável por ela a partir de agora, o que foi definido hoje.
O diretor do hospital informou que um dos momentos mais críticos do tratamento foi quando a menina foi transferida da UTI para uma enfermaria, onde ela precisou ser assistida por terceiros porque nenhum familiar compareceu para ajudá-la. Nesse período, ela foi submetida a reabilitação para superar sequelas neurológicas.
Além do quadro de saúde grave e do abandono, o caso da menina chocou a Paraíba também por outro motivo. A criança pediu às enfermeiras por droga: “Maconha, maconha!”.
“A informação é que a mãe é usuária de drogas e ela soube que o companheiro tinha saído da prisão. Ele passou a noite aqui, mas não conseguiu entrar. A mãe foi embora e a criança está em estado crítico. Só chama pela mãe, pede drogas e se debate toda”, disse uma mãe que acompanhava o filho no Hospital e ajudou a garota com os cuidados de rotina: “Ela está se alimentando por sonda, a cabeça cheia de feridas e ninguém pode fazer nada porque para cortar os cabelos é preciso autorização dos pais”, contou a mulher em entrevista ao portal T5 à época da internação, em maio.