A médica Ludhmila Hajjar disse hoje que recusou o convite do presidente Jair Bolsonaro para substituir Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde porque não havia “convergência técnica” entre ela e o governo. Em entrevista à GloboNews, Ludhmila defendeu medidas de isolamento social para reduzir a mortalidade e prioridade à negociação de vacinas.
“Penso pra isso neste momento, para reduzir as mortes, tem que reduzir a circulação das pessoas, de maneira técnica e respaldada por dados científicos.”, declarou a médica.
Segundo ela, o caos instalado atualmente na rede de saúde brasileira por causa do novo coronavírus foi gerado pela demora do Brasil em manifestar o interesse na compra de vacinas. “Estamos agora correndo atrás porque outros países fizera isso meses antes”.
A médica também defendeu que o Ministério da Saúde se preocupe em orientar equipes médicas sobre a melhor forma de atender pacientes com Covid-19, criando referência nacional de protocolo. “Não dá para esperar dezembro a população ser vacinada.”
Ludhmila ainda declarou que o Brasil precisa de protocolos, e isso já deveria ter sido providenciado: “Nós estamos discutindo azitromicina, ivermectina, cloroquina. É coisa do passado. A ciência já deu essa resposta. (…) Perdeu-se muito tempo na discussão de medicamentos que não funcionam.”
O nome da médica encontrava respaldo entre parlamentares e integrantes do Supremo Tribunal Federal. No domingo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Lira disse numa rede social que o enfrentamento da pandemia “exige competência técnica” e “capacidade de diálogo político” e que enxerga essas qualidades em Ludhmila.
Ela disse que espera uma mudança de rumo na condução da Saúde no país.
“É um desejo meu que quem vá substituir o Pazuello tenha autonomia. Depende uma mudança do governo, do que pensa sobre a pandemia.”
Segundo a médica, a preocupação do governo é com a economia e os impactos sociais.
“Meu partido político é a Saúde. Infelizmente, imperou os que querem o mal do País”, disse Ludhmila.
Além da divergência com o presidente, a médica revelou ter sofrido ataques virtuais nas redes sociais e também ter sido alvo de tentativas de invasão ao hotel onde estava hospedada: “Nestas 24 horas houve uma série de ataques a mim. (…) Estou num hotel em Brasília, e houve três tentativas de entrar no hotel. Pessoas que diziam que estavam com o número do quarto e que eu estava esperando-os. Diziam que eram pessoas que faziam parte da minha equipe médica. Se não fossem os seguranças do hotel, não sei o que seria…”.
O problema foi relatado ao presidente Jair Bolsonaro que se resumiu a comentar: “Faz parte”.
com GloboNews