Cláudia Carvalho
O pronunciamento do deputado estadual Manoel Ludgério (PDT) roubou o foco da sessão de hoje da Assembleia Legislativa. O líder de oposição reagiu fortemente à nota divulgada pelo deputado Ruy Carneiro (PSDB), que declarou não reconhecê-lo mais como líder, e acusou o senador Cícero Lucena (PSDB) de usar Ruy para execra-lo publicamente. Em sua fala, Ludgério acrescentou que não defendeu a candidatura de Ricardo Coutinho, mas a união das oposições, evitando a colocação de três candidaturas ao Governo do Estado:
"Não entendo porque Cícero lançou uma nota para me execrar publicamente. A única coisa que fiz foi citar nomes para unir as oposições. Em nenhum momento defendi apenas Ricardo Coutinho, mas se meu discurso incomodou Cícero Lucena, ele deveria ir a público dizer que não quer o meu apoio. É preciso que ele diga quem é seu adversário. Se é o governador ilegítimo, levado ao cargo por cinco ministros, ou o prefeito de João Pessoa, eleito legitimamente".
Em aparte, Ruy Carneiro declarou que o objetivo de sua nota foi unir as oposições: "O objetivo de minha nota foi de buscar um discurso único. Nosso sucesso pressupõe união e solidariedade. Desde que perdemos o governo, isso está desaparecendo. Não podemos ter uma candidatura própria e ver nossos deputados recebendo nosso adversário em suas cidades. Isso é inconcebível. Não terei constrangimento de levar essas pessoas ao Conselho de Ética do PSDB".
Retomando a palavra, Ludgério encerrou seu discurso com um desabafo: "No dia em que eu não puder me expressar, vou deixar a política e fazer outra coisa".
Nota – A nota emitida pelo deputado Ruy Carneiro hoje de manhã dizia: "Respeito o direito dele de externar e defender quaisquer conveniências pessoal ou de seu partido. Mas, já não o reconheço como meu líder na Assembléia Legislativa da Paraíba, vez que seu posicionamento contraria e nega frontalmente o projeto político do PSDB e de nossos aliados tradicionais. Essas declarações são precipitadas e inoportunas e só contribuem para dividir as oposições no momento que a unidade é fundamental para o sucesso político e eleitoral de todos, rigorosamente de todos os que se opõem ao governo ilegítimo que nos foi imposto".
Por sua vez, a declaração que gerou a crise foi a seguinte: "Não acredito nessa tese de segundo turno. Acho que devemos nos unir já no primeiro turno porque não há necessidade de três candidatos concorrerem. Se tivermos num mesmo palanque Cássio Cunha Lima, Cícero Lucena, Efraim Morais e Ricardo Coutinho, teremos grandes chances de vitória. Se essa unidade não existir, o projeto das oposições corre sério risco de comprometimento".