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“Lábia de Lula alcançou o teto”, anota FHC em artigo

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Fernando Henrique Cardoso desenvolveu um modo inusitado de leitura de pesquisas. O desempenho de Dilma Rousseff não lhe causa impressão. O que o impressiona é a persistência com que os índices de José Serra resistem à popularidade de Lula.
 
Alheio à última pesquisa do Ibope, que acomodou Dilma (39%) cinco pontos à frente de Serra (34%), FHC celebra: “O empate, depois de praticamente dois anos de campanha oficial em favor da candidata governista, tem sabor de vitória para a oposição”.
 
Acrescenta: “É como se a lábia presidencial tivesse alcançado um teto”. Acha que a campanha passa a favorecer Serra. Por quê? Dilma perderia o escudo: “De agora para frente, a voz deverá ser a de quem o país nunca ouviu, a da candidata”. Faz uma concessão à dúvida: “Pode surpreender?”. Admite: “Sempre é possível”. Mas descrê:
 
“Pelos balbucios escutados falta muito para convencer: falta história nacional, falta clareza nas posições. Dá a impressão de que a palavra saiu de um manequim que não tem opiniões fortes sobre os temas e diz, meio desajeitadamente, o que os auditórios querem ouvir”.
 
Em matéria de discurso, FHC distingue candidata e cabo eleitoral. Sobre Lula, diz: “Quando esbraveja ou quando se aferra pouco à verdade, o faz “autenticamente”. Sente-se que pode assumir qualquer posição porque, em princípio, nunca teve posição alguma. Dito em suas próprias palavras: “Sou uma metamorfose ambulante”.”

E quanto a Dilma? “O caso da candidata do PT é o oposto (esta é, aliás, sua virtude)”, diz FHC. “Tem opiniões firmes, com as quais podemos ou não concordar”. Acha que ela “luta pelo que crê”. Por isso viverá um “dilema”: “Ou diz o que crê e possivelmente perde eleitores por seu compromisso com uma visão centralizadora e burocrática da economia e da sociedade ou se metamorfoseia e vira personagem de marqueteiro, pouco convincente”.
 
As impresões de FHC foram acomodadas no artigo mensal que ele leva às páginas de város jornais no primeiro domingo de cada mês. No texto deste domingo (1º), convida o eleitor à reflexão:
 
“Em pouco mais de dois meses escolheremos o próximo presidente. Tempo mais do que suficiente para um balanço da situação e, sobretudo, para assumirmos a responsabilidade pela escolha que faremos”.
 
Está incomodado com a avaliação de “muitos comentaristas”, endossada por “um punhado de brazilianists”. Anota: “Pensam que há mais convergências do que discrepâncias entre os candidatos. Será?”

Para ele, “o que está em jogo é muito mais do que a diferença ou semelhança de personalidades”. Admite que Serra e Dilma convergem “nos objetivos”. Reconhece que “estamos vivendo um bom momento na economia”. Por isso, diz ele, “podem pensar alguns: melhor não trocar o certo pelo duvidoso”.
 
Eis o problema, na visão de FHC: o que o há de “certo” sob Lula é “situação herdada” da era tucana. Coisa que, “embora aperfeiçoada, tem a marca original do fabricante”. E o que há de “duvidoso”, prossegue, “é a disposição da herdeira eleitoral de continuar a se inspirar na matriz originária”.
 
Dito de outro modo: Para FHC, Dilma pode desvirtuar o modelo do qual se considera o “fabricante” e Lula um mero “aperfeiçoador”. Acha que falta a ela o que sobra em Serra: “Este sim, traz consigo a marca de origem: ajudou a construir a estabilidade, a melhorar as políticas sociais e a promover o progresso econômico”.

FHC enxerga por trás do desejo de continuidade do eleitor dois elementos: 1) A “inegável” popularidade de Lula; 2) “A sensação de “dinheiro no bolso”, materializada no aumento do consumo”. Nesse ponto, o que o distancia de Lula é a avaliação de que o cenário benfazejo não é obra exclusiva da gestão atual. É coisa que vem de “20 anos”.
 
Inclui “a abertura da economia, a estabilidade da moeda trazida pelo Plano Real, o fim dos monopólios estatais e as políticas de distribuição de renda simbolizadas pelas bolsas”. Nas palavras de FHC, “foi nessa moldura que Lula pregou sua imagem”.
 
Ao se autoatribuir todos os méritos, Lula “vem conseguindo confundir a opinião, como se antes dele nada houvesse e depois dele, se não houver a continuidade presumida com a eleição de sua candidata, haverá retrocesso”.
 
Avalia que o risco de “retrocesso” é representado por Dilma, não por Serra. E lamenta que haja “muita gente nas elites (vilipendiadas pelo lulismo nos comícios, mas amada pelos governantes e beneficiada por suas decisões econômico-financeiras) aceitando confortavelmente a tese de que tanto dá como tanto deu”. 

FHC arremata assim o artigo: “Há argumentos para defender qualquer dos dois. Mas que não são a mesma coisa, não são. E não porque num governo haverá fartura e noutro escassez, para pobres ou ricos. E sim porque num haverá mais transparência e liberdade que noutro. Menos controle policialesco, menos ingerência de forças partidário-sindicais. E menos corrupção, que mais do que um propósito é uma conseqüência”.

 

Blog do Josias
 

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