Pesquisadores investigaram dados de quase quatro décadas e concluíram que o mar avançou, em média, 27 cm por ano – quase 10 m no total.
O Jornal Nacional, da TV Globo, destacou, na última sexta-feira (23), o avanço do mar nas praias da Paraíba e como isso vem afetando as construções na faixa litorânea. A reportagem é baseada em uma pesquisa da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) publicada em uma revista internacional.
Confira a reportagem em vídeo e o texto abaixo:
Raízes expostas. Um coqueiro quase caído. O avanço do mar já era percebido pelos moradores do litoral sul da Paraíba e agora virou estudo da Universidade Federal. Os pesquisadores investigaram dados de quase quatro décadas e concluíram que o mar avançou, em média, 27 cm por ano – quase 10 m no total.
Os reflexos disso são bem visíveis, como na Praia de Carapibus, uma das mais conhecidas do litoral paraibano. Várias construções estão parcialmente destruídas.
“Imagens de satélite foram trabalhadas com inteligência artificial para eliminar nuvens, deixá-las limpas e, assim, a gente determinar as linhas de costa. Depois disso, passamos por várias outras fases para determinar erosão em cada ponto da área de estudo”, explica o engenheiro civil Celso Santos, pesquisador da UFPB.
O professor Carlos Cartaxo tem uma casa na orla há 25 anos. Aos poucos, viu parte do quintal e da área de lazer serem levados pelas ondas.
“Nós tínhamos aqui aproximadamente 15 m a 17 m para a frente. Eu tinha aqui uma praça, com banquinhos, coqueiros e tinha escada que ia dar lá no mar, onde hoje tem os recifes. Aí o mar foi comendo, comendo, comendo, e hoje eu estou sem a praça, sem a área de lazer”, conta.
O estudo publicado em uma revista científica sobre meio ambiente mostrou que a erosão causada pelo mar acelerou nos últimos anos e a tendência é piorar ainda mais. A cidade de Conde, por exemplo, pode perder até 12% do território para o mar.
“Aqueles imóveis ou estruturas existentes ali estão ameaçados a ter algum prejuízo. Por isso que agora temos que trabalhar com duas situações: a população tem que saber como ocupar esse espaço e o poder público a orientar e fiscalizar esse tipo de ocupação. Tem que existir um ordenamento desse nosso setor praieiro, que é um setor muito importante para a Paraíba”, afirma Celso Santos.
A Superintendência do Meio Ambiente da Paraíba está mapeando mais de 130 km do litoral para identificar pontos vulneráveis ao avanço do mar. A ideia é usar recifes artificiais marítimos para conter o processo de erosão da orla.
“Quando há uma demanda desse tipo, onde há o avanço do mar e vai ser feito uma obra para conter essa erosão marinha, os projetos são apresentados para que a gente possa verificar a viabilidade de implantação e aí emitir ou não a licença ambiental”, diz Marcelo Cavalcanti, superintendente da Sudema PB.
Com informações do Jornal Nacional
Foto: Globo