A Promotoria de Justiça do Patrimônio Público de João Pessoa ingressou com uma ação civil por improbidade administrativa contra o ex-diretor da Companhia de Desenvolvimento da Paraíba (Cinep), Ricardo José Motta Dubeux.
De acordo com o Ministério Público paraibano, Dubeux praticou dez comportamentos “ilegais e ímprobos” que causaram um prejuízo de aproximadamente R$ 230 mil aos cofres públicos (entre danos materiais e morais).
A ação se baseia em documentos do Tribunal de Contas do Estado (TCE) referentes ao exercício financeiro de 2005, quando Dubeux estava à frente da Cinep. Em um acórdão, o TCE condenou o ex-diretor a devolver R$ 48,6 mil referentes aos danos materiais causados ao Erário e à multa (o que já é objeto de ação movida pela Procuradoria-Geral do Estado contra o ex-diretor).
Em outras auditorias, o Tribunal de Contas também relatou atos ilegais que resultaram em danos materiais avaliados em mais R$ 2,7 mil.
Ajuda a particulares – Dentre as irregularidades praticadas por Dubeux que beneficiaram particulares estão a autorização de pagamentos de despesas referentes ao troféu “Bola de Ouro”, em homenagem ao ex-deputado federal Ronaldo Cunha Lima e de ajuda financeira de R$ 10 mil ao Grupo de Voluntários de Campina Grande.
Também foram autorizadas despesas como a ajuda financeira de R$ 2 mil para festas realizadas por entidades privadas; o pagamento irregular de multa imputada a servidor da Cinep (no valor de R$ 600,00) e o pagamento de assinatura da Revista “Veja” em favor do também ex-diretor da Cinep, Jurandir Xavier, que recebia o semanário em sua residência.
Outra empresa beneficiada com o comportamento ilegal do ex-diretor foi a Construtora Opção Ltda., que recebeu R$ 23,7 mil por serviços de construção de ocas na Aldeia Camupurim. Segundo o MPPB, os serviços prestados pela construtora não se enquadram nos objetivos da Cinep.
Superfaturamento e sem licitação – Dubeux também é acusado de superfaturamento e de contratar sem licitação. Ele teria autorizado a contratação de uma camionete Fiat Strada Word pelo período de dez dias ao custo de R$ 2,2 mil, quando o valor médio compatível de mercado – segundo pesquisa do próprio TCE – seria de R$ 1.280,00.
Despesas com a locação de veículos e com a compra de passagens aéreas avaliadas em R$ 129,5 mil também foram autorizadas sem licitação. “Houve direcionamento da coisa pública para entidades pinçadas pelo próprio ex-gestor, sem qualquer demonstração de critérios de escolha plausíveis, afetando, de forma reiterada, os princípios da impessoalidade e da moralidade administrativa e trazendo danos ao patrimônio público”, argumentou o promotor de Justiça do Patrimônio Público, Adrio Leite.
Improbidade e ressarcimento – Na ação civil, o MPPB pede que o juiz da Vara da Fazenda Pública condene Dubeux por improbidade administrativa e que o obrigue a devolver cerca de R$ 54 mil aos cofres públicos, referentes aos danos materiais e morais causados pelo ex-diretor.
A Promotoria de Justiça também solicitou a aplicação de multa civil no valor de R$ 107,8 mil contra Dubeux e a proibição de ele contratar com o Poder Público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, por cinco anos.