A deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP) demonstrou ter informações privilegiadas sobre investigações da Polícia Federal, ao adiantar na segunda-feira, 25, em entrevista à Rádio Gaúcha, que a PF estava prestes a deflagrar operações para investigar irregularidades cometidas por governadores durante a pandemia.
“A gente já teve algumas operações da Polícia Federal que estavam ali, na agulha, para sair, mas não saíam. E a gente deve ter, nos próximos meses, o que a gente vai chamar, talvez, de ‘Covidão’ ou de… não sei qual vai ser o nome que eles vão dar… mas já tem alguns governadores sendo investigados pela Polícia Federal”, disse a parlamentar. Nesta terça-feira, 26, a PF deflagrou a Operação Placebo, que atinge o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). Agentes cumprem mandado de busca na residência oficial do governador.
Na mesma entrevista, Zambelli afirmou que o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro fazia uma “investigação seletiva”, com “predileção pelo PT”. “Ele tinha predileção em investigar e condenar o PT, legitimamente (…) Se falava (dentro da Polícia Federal) sobre a falta de suporte operacional para que a investigação corresse mais solta. Hoje, eu olho para trás e verifico que essa falta de suporte operacional pode estar ligada ao fato de que o Sergio Moro tinha uma investigação seletiva”, disse.
Fato é, que a Operação Placebo ocorre pouco mais de um mês depois da saída de Moro da pasta e num cenário de denúncias sobre tentativa de interferência do presidente Jair Bolsonaro na corporação. Também vale lembrar a fala da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) durante a reunião ministerial do dia 22 de abril, quando ela falou em “prender governadores e prefeitos” pelas medidas adotadas para enfrentamento à pandemia da covid-19.
“A pandemia vai passar, mas governadores e prefeitos responderão processos e nós vamos pedir inclusive a prisão de governadores e prefeitos. E nós tamo subindo o tom e discursos tão chegando (sic). Nosso ministério vai começar a pegar pesado com governadores e prefeitos. Nunca vimos o que está acontecendo hoje”, disse Damares, durante a reunião.
Estadão