Criado em 2005 pelo visionário Alexandre Soares (o Alexandre Taquary), o Festival de Curtas-metragens Nacionais e Internacionais de Taquaritinga do Norte começou de forma modesta movido pela cinefilia e amor do seu idealizador por sua cidade natal, de aproximadamente 8 mil habitantes situada no Agreste pernambucano a 785 metros de altitude. Este ano, temos um balanço de 16 edições ininterruptas mesmo com a tragédia da pandemia durante a qual as edições aconteceram online.
Com o incentivo do Edital de Apoio ao Fomento do Audiovisual do Estado de Pernambuco – Funcultura/Fundarpe, o 16º Curta Taquary enfatiza a formação e a aproximação dos estudantes da rede pública de ensino com a linguagem cinematográfica, o que já é um grande feito, valorizado ainda mais com a conscientização desse público e da população de Taquaritinga do Norte (e arredores) com a questão urgente do meio ambiente.
Engajar os habitantes da região sobre a importância do cuidado com a natureza fez o evento acontecer entre dua datas simbólicas: 16 de março (Dia Nacional da Conscientização das Mudanças Climáticas) e 22 de março, encerramento do festival (Dia da Água). Além da programação, o compromisso com o meio ambiente também estará expresso no plantio de mudas, que o Curta Taquary obteve com as inscrições em troca de doação de mudas que serão plantadas em diversos municípios. Ao todo, serão mil plantas, 700 referentes aos filmes submetidos à curadoria, e mais 300 acrescidas através de uma parceria com a Compesa.
O 16º Curta Taquary está organizado em 11 mostras competitivas: Brasil, com obras de temática livre; Primeiros Passos, voltada para os primeiros filmes de novos realizadores; Dália da Serra, com filmes produzidos em atividades pedagógicas, projetos de formação e oficinas; Universitária, direcionada para produções oriundas de estudantes de graduação; Diversidade, com obras que abordem questões de sexualidade e de gênero.
Completam ainda a programação, as mostras Curtas Fantásticos, com foco no horror, ficção científica e fantasia; a mostra Criancine, para o público infantojuvenil; a mostra Pernambucana, com trabalhos produzidos no Estado; Por Um Mundo Melhor, focada na educação ambiental; e a Mostra Internacional, este ano com curtas-metragens da Argentina, Chile, Peru, França e Irã. Além delas, o festival promoverá sessões fora de competição, como a Mostra Agreste e Sessão Especial.
O Curta Taquary tem expandido o alcance de sua ação para além de Taquaritinga do Norte, com exibições em Toritama e Caruaru. “As obras selecionadas têm sua importância para além da potência criativa, são testemunhos de um momento histórico”, enfatiza Alexandre Taquary. “São janelas para pensar o agora, o passado e o futuro”, conclui. Nesta edição, foram recebidos 700 filmes, dos quais 80 foram selecionados pela curadoria do projeto, entre eles 43 foram dirigidos por mulheres. São trabalhos de 19 estados, com 50% das produções do Nordeste e 25%, de Pernambuco.
Como venho sublinhando, sempre que escrevo sobre festivais de cinema, a proeminência de eventos como este para a nossa cultura cinematográfica, em particular, mas também para a cultura de um modo geral. No entanto, chamo a atenção aqui para a repercussão de um festival para muito além da esfera artístico-cultural. A ação que o Curta Taquary tem levado a cabo nos últimos anos em prol do meio ambiente, ao atrelar as inscrições dos filmes à doação de mudas e à atividade de plantá-las com a colaboração de estudantes da rede de ensino, traz resultados maravilhosos junto a esse público e à grande parcela da população que passa a se conscientizar do seu engajamento na preservação da natureza, num contexto assustador fruto de uma política insana e recente de destruição de nossas florestas.