Um cortejo reunindo noivas com véus negros chamou a atenção de quem passava pela avenida Epitácio Pessoa na manhã de hoje. Era uma intervenção artística idealizada pelo artista Stênio Soares. “Ensaio sobre a solidão” foi a forma encontrada pelo professor da Universidade Federal da Bahia para marcar o Dia Internacional contra a Homofobia, comemorado nesta segunda-feira, 17. O grupo de noivas saiu do Porto do Capim, às 5h, em direção à praia de Tambaú, onde chegou por volta do meio-dia.
“Ensaio sobre a solidão” é um dos três trabalhos da obra-projeto “SS – Metralhadora Cheia de Mágoas”, elaborada a partir de duas residências artísticas realizadas em 2019, junto ao Projeto “Música e Movimento” na Universidad Nacional Autónoma de Mexico, na Cidade do México, e uma imersão realizada na Ming Contemporary Art Museum e na Shanghai Theatre Academy, ambos em Shanghai, China.
“Ensaio Sobre a Solidão” ocorre no período atribuido popularmente como “mês das noivas”, dez anos após o Supremo Tribunal Federal reconhecer a união estável homoafetiva, em 5 de maio de 2011.
Stênio Soares é artista da performance e professor da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia. Desde 2008, desenvolve o processo poético intitulado Negras Memórias, que compreende experiências a partir da linguagem da performance. No Brasil, seus trabalhos circularam em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Cuiabá, João Pessoa e Maceió, e no exterior na Cidade do México (México), em Shanghai.
Ao ParlamentoPB, Stênio explicou a mensagem que sua performance pretendeu transmitir: “Cerca a solidão das pessoas LGBTQIA+ especialmente durante esse período de isolamento social. Diversas pessoas, especialmente pessoas trans, que já vivam segregadas por suas famílias, atenuam seu momento de solidão durante o atual período, quando os encontros usuais em sociedade foram impactados. Para além disso, é também um estudo poético sobre a solidão como autorretiro e recolhimento”.