A eleição municipal de João Pessoa produziu um fato novo: três adversários se reuniram para uma causa comum. Hoje, Ruy Carneiro (Podemos), Luciano Cartaxo (PT) e Marcelo Queiroga (PL) concederam uma entrevista coletiva no Hotel Hardman para pedir tropas federais em João Pessoa e cobrar a quebra do sigilo das investigações de influência do crime organizado no pleito.
Citam como justificativa duas operações deflagradas pela Polícia Federal tratando do mesmo assunto. Ontem, foi a Território Livre que apreendeu dinheiro, joias e contracheques de servidores municipais nas casas do conselheiro tutelar Josevaldo Gomes e na da vereadora Raissa Lacerda, que disputa a reeleição.
De acordo com Luciano Cartaxo, a união dos três não se trata de um ato eleitoral ou aliança política. “João Pessoa não pode virar o Rio de Janeiro. Este ano já tivemos duas operações da Polícia Federal. A primeira, de maneira muito clara, fazendo essa vinculação entre políticos da atual gestão com o crime organizado. Estamos aqui para defender eleições limpas, o eleitor escolhe em quem vai votar. Não podemos deixar João Pessoa refém do crime organizado. A relação crime organizado-Prefeitura de João Pessoa é gravíssima na cidade”, disse Cartaxo.
Marcelo Queiroga disse que hoje existe um verdadeiro clima de terror na cidade. “Estamos reúnidos em defesa do cidadão de João Pessoa, de escolher livremente quem ele deseja para ser prefeito de João Pessoa. Nunca vi um estado de coisas como estamos vendo hoje em João Pessoa. Acompanho as eleições aqui desde 1985, as pessoas podiam se expressa livremente por candidato A ou B. Hoje se instituiu um clima de terror. E o pior é que temos na cidade um crescimento galopante de organizações criminosas, que a Polícia Federal apura em duas operações. São fatos gravíssimos que estão sendo apurados e o que há nessas apurações o envolvimento de autoridades municipais com o crime organizado. É preciso dar um fim nesse estado de coisas. Estamos unidos hoje para cobrar das autoridades que comandam o pleito eleitoral que garantam a segurança dos candidatos, que eles possam circular na cidade em todas as regiões e levar suas mensagens, garantam também a segurança das pessoas, para que seja exercido livre direito do voto e eu não outro caminho que não seja a solicitação de Tropas Federais para acompanhar esse processo desde já.
Ruy Carneiro também destacou a união em torno da defesa da população pessoense. “Estamos aqui muito mais que pra uma eleição. Estamos aqui defendendo a população de bem, que mora nas comunidades e que não tem mais o direito de expressar a sua vontade, trabalhar para um determinado candidato”, disse Ruy, que relatou o fato grave de uma menina cadeirante, de 9 anos, do bairro São José, que ia gravar para o guia dele e foi impedida de gravar. “Eles disseram: ‘Se for pra Ruy Carneiro, nós vamos tirar você e sua família da casa, você não pode gravar’. Isso foi registrado junto à Polícia Federal”, completou. Segundo ele, a cidade de João Pessoa está mapeada. “Inclusive, a Polícia Federal tem esse mapeamento, candidato a prefeito e candidato a vereador área por área. Isso é de uma gravidade extrema. Queremos eleições limpas, honesta”, concluiu.
Após o fim da coletiva, os três candidatos, acompanhados dos respectivos candidatos a vice, se encaminharam para o Tribunal Regional Eleitoral para entregar formalmente o pedido de tropas federais nas eleições em João Pessoa.