O médico Marcelo Queiroga, ex-ministro da Saúde, vai se filiar hoje ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro que estará presente no ato de filiação em Brasília. Marcelo Queiroga diz que vai “defender o legado de Jair Bolsonaro para ajudar a construir um Brasil melhor para os brasileiros”.
O plano do cardiologista é muito claro e objetivo: a filiação é o primeiro passo para Queiroga se tornar o pré-candidato apoiado por Bolsonaro para a prefeitura de João Pessoa em 2024.
Ninguém esconde que o preferido do ex-presidente é o ex-ministro da Saúde. Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do PL, por exemplo, já previu que o cardiologista vai fazer muito por João Pessoa e que tem o aval de Bolsonaro e da primeira dama, Michelle Bolsonaro.
Se lá na cúpula está tudo certo, aqui na planície, a confusão é geral.
As lideranças do PL não concordam com quase nada, mas na rejeição a Marcelo Queiroga eles conseguiram formar maioria. Cabo Gilberto, Nilvan Ferreira e Wallber Virgolino não gostaram da interferência da direção nacional e do ex-presidente Bolsonaro nos assuntos eleitorais da capital da Paraíba. Nilvan foi taxativo ao dizer que não vai tolerar imposição goela abaixo.
Só Wellington Roberto e os filhos estão tranquilos com a entrada de Marcelo Queiroga no circuito eleitoral de João Pessoa.
Primeiro, porque o deputado federal não tem nada a perder, ainda que Queiroga perca a eleição. Segundo porque Wellington já não se afina com os três liderados desde a campanha de 2022. Apontar a porta da rua para ele não seria um motivo de tristeza, mas de alívio.
Mas, para Bolsonaro, o apoio a Queiroga não parece a melhor opção por alguns motivos. Um deles é o antipático gesto de desprezar o pensamento dos filiados de João Pessoa e sacar um candidato do bolso do colete. Outro é a ousadia de testar Queiroga nas urnas pela primeira vez numa eleição para a capital da Paraíba, sem que ele jamais tenha tentado qualquer outro cargo público. E, finalmente, mesmo que alguém não goste da postura de Nilvan, é obrigado a reconhecer que ele tem votos e também demonstrou muita fidelidade ao projeto bolsonarista mesmo depois que o ex-presidente perdeu a eleição e foi chorar as mágoas nos EUA.
Nas eleições estaduais, Nilvan foi o mais votado na grande João Pessoa. Bolsonaro sabe disso ou acha que esse número, uma aferição científica, é irrelevante?
O apoio de Bolsonaro a Marcelo Queiroga não faz sentido para quem pretende vencer uma eleição muito disputada com um prefeito concorrendo à reeleição. Mas, o ex-presidente também preferiu Bruno Roberto, que patinava nas pesquisas para o Senado, ao Pastor Sérgio Queiroga, uma promessa eleitoral do campo conservador e ex-auxiliar do presidente desde a transição.
A única coisa que faz sentido em Bolsonaro é que ele nao tem compromisso com a lógica.