O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), lançou na manhã desta segunda-feira (3) a pedra fundamental no local onde será construído o futuro Colégio Militar em São Paulo, no antigo Centro Logístico da Aeronáutica, no Campo de Marte, na Zona Norte. A unidade da capital paulista será a 14ª do país.
Durante seu discurso, Bolsonaro aproveitou para criticar os governadores do Nordeste que recusaram a criação de colégios cívicos-militares em seus estados. Um dos estados que não solicitou a implamtação deste modelo foi a Paraíba. O secretário de Educação, Cláudio Furtado, afirmou que não há necessidade de mudança.
“Para participar de um programa, precisamos saber qual o modelo. Foi mandado apenas um ofício ao Governo sem dar nenhum detalhe de como seria e qual a necessidade deste tipo de escola. Não temos nada contra a escola cívico militar. Aqui na Paraíba temos escola que forma para essa carreira. A afirmação de que são formados militantes no Nordeste é sem norte. Basta ver os resultados da educação aqui na região. No Ceará, é modelo, inclusive. Aqui na Paraíba, as escolas técnicas integrais também são modelo e respeitamos a liberdade de cátedra e o método científico”, disse Furtado.
“Não existe momento mais gratificante do que este, do que lançarmos uma pedra fundamental para a feitura de uma escola comprovadamente de qualidade. Seria ironia, mas é uma grande verdade, conversando com o ministro Weintraub há pouco sobre as notas do Brasil na prova do Pisa [Programa Internacional de Avaliação de Estudantes]. O Brasil chegou a uma situação na Educação que não pode ser ultrapassada por mais ninguém, porque já estamos no último lugar. E essa prova do Pisa foi realizada em 2018, antes do nosso governo. Apesar do tempo relativamente curto, com toda certeza, melhoraremos sim muitas posições para a próxima prova que será realizada em 2021. E deixo bem claro também, se deixarmos nessa prova do Pisa apenas alunos de Colégios Militares, de escolar militarizadas, por exemplo, de Goiás do governador Caiado, o Brasil estaria entre os dez do mundo”, afirmou o presidente.
No entanto, o que o presidente falou não retrata a realidade. O Brasil não foi o último colocado no ranking do Pisa. O resultado aponta ligeiro aumento da nota média, mas os estudantes brasileiros seguem entre os últimos 10 colocados na prova de matemática. Na prova de leitura, o Brasil ficou na 57ª posição de 77 países participantes. Na avaliação de matemática, o país ficou na 58º posição e na 53º posição em ciências. Esses valores são usados como referência de educação de qualidade pelo Brasil e demais países. Entre os países da América do Sul, a Argentina ocupa a última posição.
“Por isso, oito dos nove governadores do Nordeste não aceitaram a escola cívico-militar. Para eles, a escola vai muito bem, formando militantes e desinformando lamentavelmente. Aqui no Sudeste tivemos dois governadores que não aceitaram, a questão político-partidária não pode estar à frente da necessidade de um país. Um jovem bem formado será útil para si, para sua família e para seu país no futuro, é isso que nós queremos”, afirmou.
Após a inauguração da pedra, foi feita uma oração para abençoar a lugar. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, e a secretária de Cultura, Regina Duarte, estavam presentes no evento, que contou ainda com a presença de autoridades militares das Forças Armadas de São Paulo e de pessoas ligadas à Educação.
O colégio deve ser entregue até o final de 2022. Enquanto isso, temporariamente, os alunos iniciam o ano letivo nesta manhã no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de São Paulo (CPOR) na Rua Alfredo Pujol, em Santana, próximo do local onde ficará a unidade definitiva.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) vai doar os projetos básico e executivo da obra do colégio. O valor estimado dos projetos não foi informado.
Relação com o Congresso
No início da tarde, o presidente participou de outro evento em São Paulo com empresários na sede da Fiesp. Durante o encontro, Bolsonaro afirmou que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem se mostrado “mais que simpático” a aprovar no Congresso as reformas administrativas e tributária em parceria com o governo. A declaração foi dada após críticas de Maia a ministros de Bolsonaro na semana passada.
“Ontem estive longos minutos com o Rodrigo Maia. Conversamos mais um pouco sobre a reforma tributária e administrativa que está para chegar. Ele tem se mostrado mais do que simpático. Ele quer ser protagonista nesta questão. Então essas medidas, com o apoio do parlamento brasileiro, é que dão mostras mais que suficientes dentro e fora do Brasil que nós estamos no caminho certo”, afirmou Bolsonaro.
Em evento internacional para investidores e economistas realizado na quarta-feira (29) em São Paulo, Maia havia dito que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, perdeu “as condições de ser o interlocutor” do governo na área. E criticou ainda o ministro da Educação, Abraham Weintraub.
“Como que faz para o investidor olhar que o Brasil tem um ministro da Educação desse? Nosso país não tem futuro, né? Não tem futuro. Parece um passado ruim, porque conseguiu fazer de um cara desse o ministro da Educação… que construção que nós tivemos”, afirmou Maia na ocasião.
Em outro evento no dia seguinte, o presidente da Câmara voltou a criticar Weintraub, afirmando que o ministro “atrapalha o Brasil”.
G1