O artista plástico Marcos Pinto denunciou hoje ter sido vítima de uma ameaça por parte de um grupo de militantes do PMDB. O incidente, segundo relato feito em entrevista ao programa Alex Filho com Você, da TV Master, aconteceu ontem à noite no final da avenida Beira Rio, onde fica uma escultura concebida por Marcos e denominada "Pássaros da Paz". O grupo, vestido de vermelho, teria chegado ao local em motocicletas e em uma caminhonete com adesivos do candidato José Maranhão (PMDB).
Pouco depois, também apareceu o ex-candidato a prefeito Mário da Cruz, com uma cruz de madeira. Com isso, os militantes teriam passado a ofender o artista e fazer acusações sobre sua obra, que teria sido chamada de "pomba gira" e xingada como se fosse uma representação do demônio.
Ainda de acordo com Marcos Pinto, o clima ficou insustentável e só não teria acontecido agressão física contra ele e vandalismo contra a escultura porque a polícia foi chamada ao local, e funcionários da construtora Holanda, que fica em frente ao monumento, se aproximaram para evitar conflito. O artista acrescentou que os militantes estavam consumindo bebidas alcóolicas e teriam se armado com paus e pedras para intimida-lo.
Marcos declarou-se perplexo com o tipo de mobilização contra a arte em João Pessoa e acrescentou que a escultura está sendo erguida a pedido de uma construtora. Segundo ele, o objetivo da obra é representar a paz.
"Fiquei perplexo com o poder de arregimentação desta gente. Primeiro, chegaram ao local cerca de 30 motos. Depois, foram dois caminhões cheios de gente. Em seguida, uma caminhonete oferecendo bebida alcóolica e, finalmente, em um Vectra chegou Mário da Cruz. É uma violência absurda. A minha escultura foi contratada pela construtora Holanda como um presente à cidade. O que houve ontem foi horrível. Um susto grande!", disse ao Parlamentopb.
A crise entre os artistas e setores políticos da Paraíba foi criada pela distribuição maciça de panfletos anônimos em todo o Estado acusando o ex-prefeito de João Pessoa e candidato do PSB ao Governo, Ricardo Coutinho, de ter ligações com as forças ocultas. Os impressos anônimos atribuem a iniciativa de promover a implantação de obras de arte na capital a um suposto pacto com o demônio. As esculturas, no entanto, foram escolhidas através de um edital, gerido por uma comissão de artistas e especialistas em arte.