Existe amigo para tudo quanto é gosto. E desgosto.
Tem amigo de infância, da escola, da farra, do grupo de pedal, da academia, do trabalho…
O tipo que eu mais gosto é o das afinidades. Cinema, música, literatura. Podendo também ser esporte, filosofia, astrologia, dor de cotovelo, cachorro, melancolia…
Tem amigo para a vida toda e tem amigo por um dia.
Amigo que vai desaparecendo até sumir de vez e amigo que vai crescendo.
Amigo com quem a gente conta e amigo que some na hora de pagar a conta.
Tem aquele que vai ver a gente no hospital e no velório. E tem aquele que manda mensagem pelo WhatsApp, dizendo que sente muito e bota uma carinha triste. Mas vai ao aniversário. E é bom também.
Tem amigo que a gente encontra e diz: “Aparece!” E desaparece.
Tem o melhor amigo! Eu mesmo, ao longo da vida, já tive não sei quantos.
Tem amigo com quem a gente é carne e unha.
Tem amigo que é mais amigo da gente que a gente é amigo dele. E vice-versa.
Tem amigo que vai por outro caminho. E a gente se perde pela estrada.
Tem aquele amigo que deixa de fazer parte da nossa vida cotidiana, mas permanece amigo pela vida inteira.
Tem agora os amigos das redes sociais. Uns nunca falam conosco. Outros curtem no piloto automático. Uns querem ter um milhão de amigos. Outros parecem que são nossos amigos da vida inteira, tipo “Nunca Te Vi, Sempre Te Amei”.
Tenho uns assim no Facebook.
Um deles me disse uma coisa linda, quando solicitou amizade: “Taí, adorei sua prosa e seu universo. Se possível, deixa te apresentar o meu. Grande abraço”.
Uma corrige meus erros de português e tem uma risada maravilhosa. Outra me manda beijos vermelhos. Uma outra, travessa, machucou os punhos, e eu desejo melhoras. Uma gosta de rock. Outro, de bicicletas. Uma é poeta. Outra diz verdades. Uns me cutucam ou me mandam carinhas piscando o olho.
Ando louco para encontrá-los, para uns abraços, uns chopes, umas risadas.
Um deles eu encontrei dia desses.
Pareceu-me amigo de longa data. Ficamos confortáveis aqui em casa, e eu espero que ele volte.
Tem amigo que a gente só encontra nas festas.
Outros, a gente faz festa quando encontra.
E tem aquele que nos lembra de tudo que a gente fez, quando bebeu um pouco mais na farra. Ah, não, isso não é amigo.
Tem amigo que é igualzinho à gente. E tem amigo totalmente diferente.
Com uns, a gente fala sem parar. E, com poucos, sente o conforto do silêncio.
De amigo, a gente fala um pouco pelas costas. E ele também fala da gente. Mas isso não muda nada. É só uma maneira de se administrarem os pequenos defeitos, para que a amizade siga em frente. Quem nunca?
Tem o que a gente passa por ele e finge que não viu. E é correspondido.
Tem aquele que faz duzentos anos que a gente não vê. Em meio segundo, parece que foi ontem.
E tem o tal do amigo, que a gente diz que conta nos dedos.
Isso a gente só sabe mesmo no último capítulo.
O bom disso tudo é que todos, TODOS valem a pena, “quando a alma não é pequena”.
Trilha Sonora
Friend to Friend – Edward/Rogers – com Diana Ross
Êta Nóis – Luli e Lucina – com Ney Matogrosso
With a Little Help from My Friends – Lennon/McCartney – com The Beatles
Toda a Hora – Moacyr da Luz – com Zeca Pagodinho
e, evidentemente
Amigo – Roberto e Erasmo Carlos – com o Rei.
