Demorou um bocado, mas finalmente o governador João Azevedo definiu sua candidata ao Senado. Apesar de todo o mistério feito pelo governador a respeito da vaga para o Senado, a informação vazou ontem e deve ser confirmada hoje ou amanhã numa entrevista coletiva.
A opção foi pela deputada estadual Polyana Dutra, do PSB. A solução não foi a ideal. O que João queria era Aguinaldo Ribeiro que recuou diante da divisão dos Republicanos. Mas, foi uma boa alternativa dentro do possível.
A chapa majoritária precisava de uma mulher. Não apenas isso, mas começa por aí. Polyana dá uma pegada mais à esquerda e mais próxima de Luiz Inácio Lula da Silva. Para quem não lembra, a deputada, quando era prefeita de Pombal, se tornou amiga de Lula e de Dona Marisa. O casal recebeu Polyana e algumas mulheres do município paraibano que tomaram a iniciativa de devolver os cartões do Bolsa Família porque haviam conseguido gerar suas próprias rendas. O caso teve repercussão nacional na época.
A pré-candidata também teve uma gestão bem avaliada e até premiada em Pombal e exerceu no município dois mandatos.
Na Assembleia, apresentou muitos projetos e chegou a presidir a Comissão mais importante da Casa: a de Constituição e Justiça.
Ela ingressou na prefeitura depois que o então marido, Jairo Feitosa, morreu num acidente automobilístico em 2007. No ano seguinte, Pollyana foi eleita prefeita. Em 2010 ela se tornou Pollyama Dutra ao casar com o então prefeito de Brejo do Cruz, Francisco Dutra Sobrinho, mais conhecido como Barão. Com a inclusão de Pollyana na disputa pelo Senado, Barão deve ser candidato a deputado estadual.
A chapa ganha também um discurso progressista moderado. Pollyana não é radical de esquerda, mas consegue defender muitas pautas de interesse do segmento.
João apostou no simbolismo da inclusão feminina, pinçando uma deputada sertaneja com experiência na gestão pública, de boa capacidade argumentativa e que foi secretária Executiva de Desenvolvimento e da Articulação Municipal na gestão do principal concorrente ao Senado: Ricardo Coutinho.
Por falar nele, os assessores do ex-governador se apressaram em destacar duas situações irônicas. Uma: que Pollyana estaria inelegível. Ora, Ricardo também está. Dois: que ela teve as contas de 2010 reprovadas pelo TCE em julgamento ocorrido em outubro do ano passado. Mais uma coincidência: Ricardo também teve. A diferença é que foram três exercícios do ex-governador reprovados. Contra Pollyana, um agravante: um débito de R$ 732.775 mil à ex-prefeita, por despesas não comprovadas. E imputação de débito é uma penalidade que produz inelegibilidade.
Como se percebe, apesar da definição sobre o nome de Polyana como preferida de João ao Senado, a emoção continua e esse capítulo da inelegibilidade deve ser mais importante na coletiva que propriamente o anúncio da candidata que, de fato, todo mundo já sabe quem será.