Nós vivemos um tempo em que a violência contra as mulheres é assustadora. Os casos de discriminação, agressão e feminicídio tomaram o noticiário e causam perplexidade.
Mas, hoje, eu não quero falar de mulheres que apesar de tudo o que fazem, e elas sempre têm múltiplas tarefas e habilidades, são vítimas de violência.
Hoje eu quero falar sobre uma paraibana que lutou contra muitas barreiras e venceu. As batalhas foram contra a pobreza, o constrangimento por trabalhar desde criança e sair da labuta para ir à escola ainda suada e que enfrentou também o preconceito por ser lésbica.
Esse perfil é de Tarciana Medeiros, nascida em Campina Grande, ex-feirante e ex-dona de fiteiro. Funcionária de carreira do Banco do Brasil, ela foi a primeira mulher a comandar a instituição em 215 anos de história, e também a única à frente de uma das empresas brasileiras da Forbes Global 2000, uma lista que reúne as maiores companhias de capital aberto do mundo.
Tarciana é um dos destaques da lista da Forbes das 100 Mulheres mais Poderosas do Mundo deste ano. A executiva estreou na 24ª posição e é a única brasileira do ranking.
Nossa conterrânea é um exemplo do que a determinação feminina pode produzir: tudo. Claro que ela é uma exceção. Os fatores limitantes normalmente impostos às mulheres fazem com que muitas desistam de seus objetivos sem alcançá-los. É a tripla jornada, é a discriminação, o pagamento de salários mais baixos a mulheres que fazem o mesmo trabalho que homens e até mesmo empresas que não querem contratar mulheres porque podem engravidar e por vezes precisam faltar ao serviço para cuidar dos filhos ou mesmo dos pais. Na nossa sociedade, o cuidado é feminino, mas isso já é outra estatística.
Tarciana chegou lá, parabéns para ela. Da feira à Forbes. Quisera eu que muitas outras meninas e mulheres não precisassem executar os trabalhos de Hércules ou superar a sina de Sísifo para ter um futuro brilhante. É isso que toda mulher deveria ter direito em recompensa ao próprio esforço.
Por enquanto, nosso orgulho está com Tarciana. Ela é o nosso sublime torrão na Forbe e nela depositamos nossas esperanças de pavimentar um caminho mais amplo para outras mulheres viverem em paz e chegarem onde seus sonhos as levarem.