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O óbvio está lançado

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O antipetismo, os escândalos de corrupção, as piruetas midiáticas da Lava Jato, a crise econômica e a facada elegeram Jair Bolsonaro em 2018. Fatos irrefutáveis. Associados ao discurso conservador e religioso do então deputado federal. A fórmula deu certo nas urnas.

Para seus eleitores, parecia que tudo iria mudar com o novo governo. De cara, do ponto de vista do marketing, o novo presidente marcou um golaço. Levou o juiz Sérgio Moro para o time de ministros. E encheu o povo de esperança em dias melhores. O “herói nacional” tinha este poder naquela época. Mas foi  marketing mesmo. O desfecho dessa parte da história – um conto de fadas no qual nunca acreditei – você já conhece.
O governo começou. A realidade bateu a sua porta. Da teoria do discurso e das promessas, o tempo se encarregou de cobrar soluções na prática, na vida real. No começo, ainda embalado pela euforia das urnas, o presidente fingiu não querer se aliar aos velhos personagens da política tradicional que governa o Brasil há mais de 500 anos. Teatrinho tosco.
Nos tempos de eleição, o general Heleno cantava: “Se gritar pega Centrão, não fica um, meu irmão”. Centrão leia-se ladrão, parodiando a música. Não demorou muito tempo. O presidente e seus generais colocaram os chefes do Centrão no colo e passaram a comer nas mãos deles. A história se repete. A mesma turma que estrelou a novela da corrupção nos governos do PT está de braços dados com Bolsonaro jurando que acabou a corrupção. Mas o tempo mostrará a verdade. Basta esperar.
A distância entre a teoria e a prática foi ficando cada vez maior. O governo não conseguiu melhorar a vida dos brasileiros – antes, durante e depois da pandemia. Esta é a percepção da grande maioria dos brasileiros. Inclusive, de muitos eleitores de Bolsonaro que agora são ex-apoiadores e estão dispostos a votar em Lula. O mundo não deu voltas apenas, ele rodou, sapateou e ainda fez carão pra foto.
Orçamento secreto para cooptar aliados, denúncias de corrupção varridas para debaixo do tapete, desemprego, inflação, passeios de moto, a cavalo e jetski, gastos milionários com cartões corporativos em sigilo, folgas, feriados, fome, aumento da desigualdade social, crise na saúde, educação destroçada. A desesperança foi renovada com sucesso. Eis o retrato do Brasil hoje. Não é teoria, é fato. A vida como ela é – para a esmagadora maioria do povo brasileiro.
Bolsonaro chegou ao último ano do seu governo sem conseguir melhorar a vida povo brasileiro. Não precisa fazer pesquisa para saber disso. Se tivesse melhorado, ele estaria em primeiro lugar nas pesquisas e seria reeleito naturalmente. Imagine um presidente bem avaliado pela maioria do povo e com a supermáquina estatal nas mãos. Não tem pra ninguém, é reeleição na certa. Esta é uma tendência histórica das eleições presidenciais no Brasil.
Muitos vão dizer, porém, que as pesquisas não são confiáveis, que o mundo todo está contra Bolsonaro, que o sistema é contra ele, aquele blá-blá-blá de sempre. Não, bebê. O sistema está com ele, os donos do dinheiro e do poder estão com ele. A ‘grande imprensa’ é contra ele? Hoje, é sim, mas é contra Lula também. A ‘grande imprensa’ com sua neutralidade ‘da boca pra fora’ ajudou a eleger Bolsonaro. Engoliu durante um tempo, mas sempre foi contra Lula, PT, esquerda. Ou seja, nesse quesito, os dois estão em pé de igualdade.
Detalhe importante: você acha mesmo que Bolsonaro estaria criticando as pesquisas se ele estivesse na frente? Óbvio que não. A mesma lógica se aplica a Lula. Se estivesse atrás, daria um jeito de mudar de assunto. É assim o jogo, sempre foi.
Outra coisa: quem decide a eleição não é a esquerda, não é a direita. O voto ideológico não elege presidente. Quem decide é o centro, é o eleitor mais moderado, menos ideológico. Basta a maioria pender para um dos lados. Pronto. Está eleito o presidente. Foi assim com Collor, FHC, Lula, Dilma e Bolsonaro.
O presidente sabe de tudo isso. Ele tem as próprias pesquisas. Ele sabe que perdeu o eleitor de centro. Este cidadão está hoje com Lula e Ciro. Bolsonaro sabe que, se não surgir um fato novo importante, a eleição está perdida. Por isso, ele busca culpados o tempo todo: a urna eletrônica, o comunismo, o globalismo, a imprensa, a pandemia, a direção da Petrobras. Já sobrou até pra Anitta e Leonardo Di Caprio.
O fato é que aquele discurso de 2018 não cola mais. Ele não tem um bom governo pra mostrar. Fracassou. O povo comprou um discurso na eleição, mas recebeu uma realidade oposta. É burrice achar que o povo é burro.
Vou repetir, enfim, pra você não esquecer: se o governo Bolsonaro tivesse melhorado a vida dos brasileiros, ele estaria em primeiro lugar nas pesquisas e seria reeleito naturalmente. Mas não parece ser esta a tendência hoje. Não adianta espernear. O atual governo não entregou o que vendeu ao eleitor. Ponto. O presidente caminha na direção da derrota. Usando uma expressão de Nelson Rodrigues, “óbvio ululante” parece ser o desfecho.

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