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Novos estudos voltam a indicar mercado em Wuhan como origem da pandemia

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A origem do coronavírus Sars-CoV-2, responsável pela pandemia que já provocou a morte de quase 6 milhões de pessoas em todo o mundo, continua um mistério para pesquisadores e autoridades de saúde em todo o mundo.

Agora, três novos estudos, um publicado na última sexta (25) e dois no último sábado (26), apontam novamente o mercado de animais de Huanan, em Wuhan, como epicentro da Covid. As três pesquisas foram tornadas públicas em repositórios de pré-print online e ainda aguardam revisão por pares.

A hipótese de o local, que vendia animais vivos junto com produtos de origem animal frescos e congelados, ser o foco inicial da pandemia já havia sido aventada diversas vezes, mas a prova final, ou o chamado “paciente zero”, permanece desconhecido.

O extenso relatório publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em fevereiro de 2021, apresentando quatro cenários distintos para a passagem do vírus a humanos, apontava a origem natural a partir de um hospedeiro animal como provável a muito provável, mas a própria equipe de pesquisa havia descartado o mercado de animais como epicentro.

Porém, conforme apontou uma pesquisa do biólogo evolucionista Michael Worobey, o primeiro caso oficialmente reconhecido pela OMS não foi o primeiro de fato. A partir de uma análise publicada na revista Science em novembro de 2021, Worobey mostrou que, na verdade, a primeira pessoa infectada foi uma vendedora de peixes no mercado de Huanan.

A partir disso, Worobey e colegas foram investigar a distância dos 174 casos reconhecidos pela OMS no início da pandemia, em dezembro de 2019, do mercado. Utilizando dados de latitude e longitude disponíveis para 156 deles, os cientistas encontraram que a maioria dos casos ocorreu perto ou na região de entorno do mercado, incluindo os casos classificados como não ligados diretamente ao local pela entidade de saúde.

Os pesquisadores ainda coletaram dados de geolocalização da plataforma social Weibo, utilizada em janeiro e fevereiro de 2020 por 737 pessoas com sintomas de Covid. O mapa de calor (densidade de casos) também apontou uma maior concentração na região próxima do mercado.

Para avaliar se essa proximidade não poderia ser uma coincidência, os cientistas calcularam a distância média da população de Wuhan até o mercado de Huanan, bem como a distância entre os primeiros casos confirmados da OMS ligados ao mercado, os casos não ligados, e os casos vindos do aplicativo Weibo. A distância média da população até o mercado é de 16,9 km, enquanto a distância dos casos do Weibo encontrada era de 8,26 km.

Em relação aos casos registrados no relatório da OMS, a distância média de todos os casos (n=174) era de 3,95 km, enquanto a dos casos diretamente ligados ao mercado era de 5,33 km, e os casos não ligados 3,75 km.

De acordo com os pesquisadores, esses achados indicariam ser “extremamente improvável” que os casos observados em dezembro fossem tão próximos ao mercado por questões de densidade demográfica. Ainda, os casos da plataforma Weibo, de janeiro e fevereiro de 2020, tiveram também uma maior proximidade ao local em comparação com a população como um todo.

Assim, eles concluem que a análise estatística confirma a hipótese de que “os primeiros casos de Covid estavam altamente concentrados no, ou próximos ao, mercado de Huanan”.

Na sexta (25), pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) de Wuhan divulgaram os resultados da análise de RT-PCR para detectar o coronavírus em 1.380 amostras coletadas no mercado de Huanan, em janeiro de 2020.

Logo após os primeiros casos de “pneumonia de causa desconhecida”, que depois viria a ser a Covid-19, em dezembro de 2019, as autoridades chinesas fecharam o mercado de animais de Huanan e fizeram a desinfecção do local, que permanece fechado até o momento. Os cientistas coletaram amostras de 923 superfícies, como bancadas, paredes, chão e até bocas de bueiro, e 457 amostras de animais, incluindo carcaças, animais de rua e fezes de bichos no local.

Embora as amostras dos animais que eram vendidos no mercado tenham tido resultado negativo para o Sars-CoV-2 —o motivo principal de até hoje ser desconhecido o hospedeiro intermediário do vírus antes de saltar para humanos—, os chineses encontraram traços do Sars-CoV-2 em diversos pontos no mercado, principalmente na ala oeste, que fica no lado esquerdo da rodovia Xinhuan, que corta o mercado em dois.

No estudo de Worobey, os autores também apontaram que alguns dos mercados que ofereciam animais vivos incluíam espécies como guaxinins, texugos (gênero Arctonyx) e raposas, que são possíveis reservatórios de coronavírus.

Assim como na pesquisa de Worobey e colegas, os chineses viram maior incidência de vestígios do coronavírus nas barracas que vendiam animais vivos, a maioria concentrada na parte sudoeste do mercado.

Apesar dos esforços da OMS de testagem em mais de 80 mil indivíduos de diferentes espécies animais, os autores reforçam que aqueles mais suscetíveis ao coronavírus, identificados por eles como sendo vendidos no mercado de Huanan em novembro e dezembro de 2019, não foram incluídos na amostragem.

LINHAGENS INICIAIS DO SARS-COV-2

Além das evidências de alta densidade de casos nos arredores do mercado e dos vestígios de Sars-CoV-2 encontrados no local, os autores identificaram as duas linhagens iniciais do coronavírus, conhecidas como A e B, também ligadas ao mercado de animais de Huanan no início da pandemia.

O terceiro estudo publicado no último sábado (26) indicou dois eventos distintos de salto dessas linhagens para humanos. O primeiro, envolvendo a linhagem B, que se tornou a predominante durante a pandemia da Covid, ocorreu no final de novembro e início de dezembro de 2019, enquanto a infecção pela linhagem A ocorreu algumas semanas depois.

Na pesquisa de Worobey e colegas, os autores encontraram indícios de casos que ocorreram com a linhagem A, que não havia sido associada ao mercado de Huanan previamente, com uma distância de menos de 1 km do local.

Resultados similares foram encontrados pelos pesquisadores chineses do CDC, que encontraram a presença da linhagem A em amostras coletadas no ambiente do mercado.

Assim, os dados corroboram novamente a circulação das duas linhagens no início da pandemia no local do mercado. Se uma linhagem derivou da outra —a diferença entre as duas é de apenas duas mutações—ou se a linhagem A foi trazida ao local por uma pessoa infectada, ainda não é possível saber, dizem os cientistas.

Tampouco é possível determinar qual —ou quais— espécie animal está diretamente ligada ao salto do coronavírus para humanos, mas os novos achados apontam cada vez mais para uma origem do Sars-CoV-2 no mercado de Huanan.

 

 

Folha Online

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