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O sítio do cara-de-pau verde-amarelo

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Era uma vez, um presidente que adorava mentir, iludir e fantasiar a realidade. A história se passa em um país distante do mundo civilizado, perdido no meio de um oceano de incertezas, tempestades e retrocessos.
Jair Bolsonaro é o nome do presidente. O lugar é o Brasil. A mais nova peripécia do governante começou quando convocou seus apoiadores para uma manifestação no dia 7 de setembro e estimulou claramente uma pauta golpista, com ataques ao sistema democrático, elegendo o STF ao posto de principal inimigo do Brasil. Um delírio.
Bolsonaro arrastou uma grande multidão às ruas e incentivou a paralisação de caminhoneiros em nome de uma suposta liberdade, segundo ele, cerceada pelo STF. Em discurso tresloucado, disse que não cumpriria decisões do tribunal, meteu mais lenha na fogueira, vociferou exatamente o que sua claque queria ouvir. Mentiu, iludiu.
O mundo imaginário bolsonarista é fértil. Nesse Brasil paralelo, o sujeito que divulga um vídeo nas redes sociais com armas na mão, incitando a violência e o descumprimento da ordem constitucional é herói, não é criminoso. Não deve ser preso, é patriota. Roberto Jefferson, por exemplo, seria vítima do tal cerceamento à liberdade de expressão. Um devaneio.
Na terra do faz-de-conta, cínico, o bolsonarismo esqueceu que o STF foi crucial no mensalão, no impeachment de Dilma e na condenação de Lula. Os arquiinimigos do capitão. Então, prefere convenientemente eleger Bolsonaro à condição de perseguido, de vítima de uma ditadura de toga.
O universo paralelo parece não ter fim. Dois dias depois do carnavalesco 7 de setembro, ao ver o estrago que provocou no meio político e na economia (dólar subiu, bolsa caiu, credibilidade internacional despencou), Bolsonaro deu marcha à ré. Pediu desculpas e reconheceu que se excedeu. Amarelou. O medo de cair da cadeira de presidente falou mais alto. O impeachment bateu na porta. Ele encolheu mais ainda. Tornou-se ainda mais refém do fisiológico centrão.
A folia passou, mas os caminhoneiros fecharam as estradas, provocando mais prejuízos à economia, que anda crescendo para baixo graças à incompetência do governo, que não sabe ainda como administrar as consequências da pandemia. Aliás, antes dela também já não sabia.
Bolsonaro apostou no vandalismo institucional para colher frutos políticos e eleitorais com os atos de 7 de setembro, mas deu um tiro no pé. Aliás, deu dois. Ao estimular o ato contra o STF e depois recuar, revoltou parte da sua base eleitoral. Covarde, tirou o dele da reta e transferiu a culpa para seus seguidores. Saiu do episódio ainda menor, isolado.
É óbvio que Bolsonaro é o maior entrave do Brasil. Só não enxerga quem fecha os olhos para a realidade. O governo assiste de braços cruzados o crescimento da inflação, da fome, da miséria e do desemprego, os principais problemas do país. E dá uma de doido para o esquema de corrupção na compra de vacinas. Ou seja, o STF é, na prática, um dos menores problemas no momento. É usado pelo presidente para distrair a claque que ainda resta na sua bolha.
Caminhoneiros fiéis ao presidente já estão abandonando a boleia de Bolsonaro. Sentem-se traídos. E foram mesmo, foram usados.
Em suma, o golpe de 7 de setembro foi mesmo somente uma micareta, um carnaval fora de época que levou uma multidão ao delírio por pouco tempo, mas, como todo carnaval, já acabou. O tão esperado estado de sítio bolsonarista foi mais uma alegoria. Só sobrou mesmo o sítio do cara-de-pau verde-amarelo.
Nessa ilha perdida, a única dúvida que fica agora é saber se o presidente vai ou não promover outras micaretas e qual será a próxima causa inútil, qual será a próxima crise que ele vai criar. Para a grande maioria da população brasileira (no mínimo uns 70%), Bolsonaro já é o maior e verdadeiro inimigo do Brasil. É a Cuca – a vilã do mundo paralelo criado por Monteiro Lobato – a nos assombrar.
Fim.

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