Brasília — O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que o Brasil precisa deixar de ser um “país de maricas”. A declaração foi feita enquanto Bolsonaro comentava a Covid-19, doença que matou mais de 162 mil brasileiros. O presidente afirmou que “tudo agora é pandemia” e que “tem que acabar esse negócio”. Ele disse lamentar os mortos, mas ressaltou que “todos nós vamos morrer um dia”. A declaraçao foi dada horas depois de o presidente ter comemorado em uma rede social um “evento adverso grave”, que fez com que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) interrompesse o estudo clínico da vacina Coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantan e pelo laboratório chinês Sinovac Biotech. Na rede social, Bolsonaro escreveu: “Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”.
— Tudo agora é pandemia, tem que acabar com esse negócio. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas. Olha que prato cheio para imprensa. Prato cheio para a urubuzada que está ali atrás. Temos que enfrentar de peito aberto, lutar — disse Bolsonaro, durante evento no Palácio do Planalto.
A cerimônia era sobre a retomada do setor de turismo. Bolsonaro disse que o setor foi “na lona” com a pandemia, mas disse que a doença foi “superdimensionada”. Em março, o presidente disse que o coronavírus não mataria mais de 800 pessoas no Brasil.
— Vocês foram na lona nessa pandemia. Que foi superdimensionada. A manchete amanhã: “ah, não tem carinho, não tem sentimento com quem morreu…”. Tenho sentimento com todos que morreram. Mas (foi) superdimensionado.
O presidente também minimizou a possibilidade de uma “segunda onda” do coronavírus, como tem ocorrido em alguns países, dizendo que “tem que enfrentar”:
— E agora já começam a enfrentar o povo brasileiro com uma segunda onda. Tem que enfrentar, pô, é a vida. Tem que enfrentar.
O Globo Online